A declaração do General Mourão foi prestada numa loja maçônica em Brasília, em recente palestra. O militar respondeu da seguinte forma quando foi perguntado se caberia uma intervenção militar, diante de tanta corrupção no Brasil e de um Presidente da República duas vezes denunciado ao Supremo Tribunal Federal pela Procuradoria-Geral da República:
“Na minha visão, que coincide com a dos companheiros que estão no alto comando do Exército, estamos numa situação que poderíamos lembrar da tábua de logaritmo, de aproximações sucessivas. Até chegar ao momento em que ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou, então, nós teremos que impor isso”.
Para o general Clóvis Purper Bandeira, nada indica que o general Hamilton Mourão tenha cometido algum deslize:
“Eu não acredito que o general Mourão tenha cometido algum crime ou infração disciplinar. Ele apenas disse que o Exército tem planejamento e, como tal, trabalha com diversos cenários e diversas hipóteses tal como fazem os Exércitos organizados em todo mundo. Mas, em momento algum, o general Mourão atentou contra as autoridades, instituições e, Constituição Federal e Código Penal Militar”.
Afirmando não haver dúvidas da gravidade do momento político que o país enfrente, o general Clóvis Bandeira disse ter plena convicção de que a manifestação do general Hamilton Mourão não terá conseqüências disciplinares:
“O general falou o que todos percebem. Talvez suas palavras tenham sido exageradas por algumas pessoas que não as interpretaram adequadamente”.
O primeiro vice-presidente do Clube Militar disse ainda não poder avaliar se existem pressões políticas no sentido de punir o general Mourão:
Em 2015, quando estava à frente do Comando Militar do Sul, o general Antonio Hamilton Martins Mourão fez duras críticas à então Presidente Dilma Rousseff e a seu governo. Pouco depois de essas críticas se tornarem públicas, o militar deixou o Comando do Sul e foi transferido para a Secretaria de Economia e Finanças do Exército.
Por sua vez, o Ministro da Defesa Raul Jungmann convocou o Comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, para pedir esclarecimentos e “estudar as medidas cabíveis” mas teve o cuidado de divulgar que o ambiente nas Forças Armadas é da mais absoluta coesão e de pleno respeito à hierarquia, à disciplina e às instituições.” Já o general Villas Boas adiantou a alguns órgãos de Imprensa que considera o episódio “superado”.