Antes de tudo, é preciso ressaltar que a evolução dos eventos comprovou a minha previsão: as autoridades da Espanha fizeram tudo para que a separação da Catalunha venha a acontecer.
É que a Catalunha, apesar dos custos de permanência como parte da Espanha, obtém também vantagens significativas. Além disso, os partidários da independência (não do referendo pela independência, mas da independência em si nunca representaram a maioria dos catalães.
Contudo, em vez de condenar o referendo, mas não impedir a sua realização e levar a cabo uma campanha adequada a favor da união, o governo central da Espanha por motivos inexplicáveis resolveu optar pela força e sufocar o separatismo em sua fase inicial.
Em resultado, o que é bastante lógico, a ordem das autoridades espanholas de não participar do referendo foi cumprida por aqueles que apoiavam e apoiam o governo central do país e que gostariam de manter a integridade. Assim, os seus votos não foram tidos em conta, porque Madri ela própria proibiu seus partidários de votarem.
Por este motivo, vai ficar muito difícil para o governo central do país provar sua posição, quaisquer que sejam as instituições.
Pois, ele mesmo agravou a sua posição. Vou repetir mais uma vez, um pouco com alegria maldosa, que aconteceu como eu previ. Agora, existem mais probabilidades de as organizações internacionais apoiarem a posição da Catalunha.
Tudo isso prova que o sistema de governo da Espanha está em um estado de profunda crise estrutural, quando as ações por parte do governo dão resultados opostos aos desejados. Caso as autoridades espanholas não mudem sua posição, vou arriscar dizer que a burocracia de Bruxelas poderá apoiar a Catalunha.
Se falarmos da evolução dos eventos na Espanha, em minha opinião, as autoridades fizeram tudo para impedir a votação, o que era possível fazer sem usar a força militar. As seções eleitorais foram desmanteladas à força, centenas de milhares de cédulas eleitorais foram confiscadas. Muitos participantes da votação foram gravemente espancados.
Mesmo assim, caso a Espanha queira manter a Catalunha dentro do reino, vai ter de usar forças do exército, o que por sua vez, não é muito desejável na União Europeia, mas é aceitável. Provavelmente, o governo do país não vai agir assim, talvez vá atuar como Bruxelas durante o referendo no Reino Unido. Isto é, iniciar-se-ão conversações longas, com muitos obstáculos. Em geral, tudo acontecerá como no provérbio: "Dentro de vinte anos algum de nós vai morrer: eu, o xá ou o burro" [ditado do Oriente Médio].
Por sua vez, as autoridades catalãs, de certeza tentarão acelerar ao máximo o processo de mudanças, pois percebem muito bem o quanto é instável a vitória, que aconteceu graças a um conjunto de erros por parte do governo central. Assim, é importante aproveitar os frutos dessa vitória e desses erros, enquanto o governo da Espanha é capaz de cometê-los.