O jornalista russo Gennady Petrov sublinhou no seu artigo para a revista russa Expert que as restrições de Washington podem pôr fim ao documento.
Recentemente, a Rússia introduziu o sublimite de 500 km para os voos dos aviões da OTAN na região de Kaliningrado.
Após a limitação dos voos da OTAN sobre Kaliningrado, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia propôs aos EUA negociar para encontrar uma solução que satisfaça ambas as partes e pediu a Washington para "não iniciar uma espiral de sanções".
"Desta maneira, Moscou provou estar preparada para realizar um diálogo com Washington. O problema é que esse diálogo será difícil: o Tratado de Céus Abertos foi assinado em outra realidade, e hoje a situação é diferente", explicou Petrov.
O Tratado de Céus Abertos foi assinado em 24 de março de 1992 por 23 países-membros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). A Rússia ratificou o tratado em 2001.
Os participantes do acordo podem realizar voos sobre territórios dos outros países-membros a fim de manter controle da atividade militar. Naquele momento, o documento representava um símbolo da aproximação entre Moscou e Washington após décadas de dura confrontação.
Nos últimos anos, sob diferentes pretextos, os norte-americanos têm tentado impedir as inspeções aéreas russas sobre suas instalações militares no Oceano Pacífico.
Durante a presidência de Obama, os congressistas propuseram repetidamente a proibição de voos de aviões russos sobre o território norte-americano.
Petrov sublinhou que a anulação do Tratado de Céus Abertos não terá consequências catastróficas. O perigo real de rejeição desse tratado é que isso poderia levar à revisão de outros acordos básicos para a segurança internacional.
"É possível que a próxima vítima do confronto entre a Rússia e os EUA seja o Tratado de Redução de Armas Estratégicas", acrescentou ele.
O Tratado de Redução de Armas Estratégicas foi assinado em 2010 e permite que ambas as partes realizem inspeções de instalações militares.