"A União Europeia (UE) já advertiu que não reconheceria a Catalunha como um espaço independente, o único país que se manifestou a favor foi a Venezuela. Os outros países não pretendem reconhecer a Catalunha como um estado soberano. A Catalunha tem poucos parceiros internacionais dispostos gastar energia para fazer esse reconhecimento ", disse Brâncoli.
No domingo, o presidente venezuelano Nicolás Maduro expressou apoio ao referendo (considerado ilegal pela Justiça espanhola) e comparou as ações do governo do primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy com as do ditador Francisco Franco, devido à dura repressão policial dos cidadãos catalães que vieram votar.
Para Brâncoli, a violência que marcou o dia do referendo é um ponto de inflexão que desvia a questão do mero debate entre militantes ou detratores da independência e leva-o ao campo dos direitos humanos e das liberdades.
Em qualquer caso, ele enfatizou que a realidade catalã é mais fragmentada do que aparentemente refletida nos resultados da consulta (90% dos que votaram fizeram isso em favor de uma Catalunha independente).
O professor lembrou que várias pesquisas indicam que os partidários da separação da Espanha realmente flutuariam em torno de 49%, então não há "peso" suficiente para apoiar uma declaração unilateral de independência, como afirmam as autoridades catalãs.
Diante desse cenário, Brâncoli ressalta que o futuro da Catalunha "está em risco" porque a UE não aceita ou reconhece o processo e, nesse cenário, uma declaração de independência pode gerar um cenário de instabilidade que seria muito prejudicial para a economia – a região responde por 19% do Produto Interno Bruto (PIB) da Espanha.
Sobre a alegada mediação de algum ator internacional, uma possibilidade que o chefe catalão Carles Puigdemont sugeriu nesta segunda-feira, o analista considerou isso como uma hipótese "difícil" porque, para isso, o governo espanhol deve dar legitimidade a todo o processo, algo que por enquanto ele não parece disposto a fazer.