Em discurso na abertura da Futurecom, maior feira de Tecnologias da Informação e Comunicação da América Latina, ontem, em São Paulo, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, disse que, cada vez mais, o país se iguala aos outros em termos de tecnologia e que essa é a "bola da vez" para o Brasil. Já o presidente Michel Temer destacou a necessidade de garantir que os avanços tecnológicos cheguem a todos, aumentando cada vez mais o número de pessoas conectadas.
O Brasil que queremos é um Brasil competitivo e plenamente integrado à economia digital. #Futurecom2017 pic.twitter.com/LQ3WvFk9jO
— Michel Temer (@MichelTemer) 3 de outubro de 2017
Em entrevista à Sputnik Brasil, o professor Eduardo Magrani, pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS), da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas, explicou que o governo brasileiro pretende se antecipar na regulação da Internet das Coisas tentando aproveitar todo o potencial desse segmento, caracterizado por uma revolução tecnológica que busca criar uma rede de transmissão de dados utilizando os mais diversos objetos e estruturas do dia a dia. Segundo ele, as estimativas são a de que esse setor gere até 11 trilhões de dólares até 2025, e com cerca de 50 bilhões de dispositivos conectados até 2020.
"Tanto o governo brasileiro quanto as empresas estão atentos a todo esse potencial. E, para cumprir isso, a gente precisa de uma boa regulação de todo esse cenário", afirmou, destacando que a ideia de se regular algo tão complexo acaba envolvendo diversas áreas, também implicando na questão de riscos à privacidade e à cibersegurança.
De acordo com o especialista, para o Brasil, o desafio se dá tanto no lado econômico quanto no que diz respeito à velocidade. Para ele, o governo brasileiro demorou muito para tentar efetivamente dar acesso à internet às pessoas, algo que já é considerado um direito fundamental.
Apesar dos problemas apontados, Magrani acredita que o ambicioso plano brasileiro de se tornar um protagonista nessa área não é impossível de se colocar em prática, principalmente porque há muitas companhias interessadas em fazer com que isso dê certo.
"Várias empresas têm interesse inclusive em fornecer esse acesso à internet. A gente tem, hoje, o Google jogando balão de 3G na estratosfera, levando internet aos cantos mais remotos do globo. A gente tem o Facebook, com iniciativas como o Internet.org (que até mudou de nome recentemente), que tenta também fazer esse acesso chegar às pessoas. A questão é a gente entender exatamente como funcionam essas iniciativas para que não se prejudique o consumidor", acrescentou, explicando que outros países, mais avançados em termos tecnológicos, estão na mesma página do Brasil, ainda pensando em uma regulação adequada para a Internet das Coisas, "dada a sua complexidade".