Como aconteceu que as sanções passaram a favorecer a reputação política de Maduro? Viktor Jeifets, da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Estatal de São Petersburgo e especialista em assuntos latino-americanos, esclarece a situação no ar serviço russo da Rádio Sputnik.
"Eu acho que, introduzindo sanções, as autoridades norte-americanas, inclusive Donald Trump, não levaram em consideração as peculiaridades da mentalidade da maioria dos latino-americanos: eles não gostam de pressão externa. Eles podem não gostar do seu governo, mas eles não gostam de ser pressionados", explicou o especialista.
"Não me lembro de nenhum caso em que sanções tenham favorecido a mudança do poder em qualquer país. Além disso, não se trata de sanções da ONU, são sanções unilaterais que são consideradas como pressão", diz Jeifets.
No entanto, 23% ainda é pouco, é suficiente para que o governo continue numa posição minimamente estável, mas não é bastante a para realização das reformas sérias, destacou o especialista.
Falando da possibilidade de realização de tais reformas, ele a descartou. "Não há possibilidades financeiras, no país é registrado um alto déficit de moeda forte, e temo que também de vontade política. Não se pode falar de reformas estruturais", afirma Jeifets.
Em Moscou, segundo o próprio presidente venezuelano, ele pretende discutir a "cooperação financeira". Viktor Jeifets explica que se trata, primeiro, de investimentos russos nas áreas petrolíferas e, segundo, talvez Nicolás Maduro pretenda negociar empréstimos.
No que diz respeito à agenda internacional, especialmente ao referendo realizado na Catalunha em 1 de outubro, que é considerado como ilegal pelas autoridades espanholas, Maduro fez uma declaração bem provocativa: ele apelou ao povo catalão para fazer frente à Espanha.
Voltando com isso ao assunto da Venezuela, Viktor Jeifets sublinha que, infelizmente, a situação negativa permanecerá por muito tempo, mesmo se a oposição chegar ao poder.