EUA perdem sua hegemonia: aliados culpam-nos de apoio ao terrorismo

© flickr.com / Day DonaldsonJihadistas do grupo terrorista Daesh (foto de arquivo)
Jihadistas do grupo terrorista Daesh (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Sem dúvidas, um dos mais importantes (e mais interessantes) fenômenos de hoje é os EUA estarem perdendo seu estatuto de única superpotência mundial, de força hegemônica e mais influente em termos políticos e militares.

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Os sinais desse processo podem ser observados em várias áreas, por exemplo, vale lembrar a confusão habitual dos norte-americanos na escolha de parceiros e ferramentas para alcançar seus objetivos.

No quadro das tensões atuais entre Ancara e Washington (na forma de "guerra de vistos") o presidente turco fez uma declaração bem forte, culpando o Ocidente de apoiar o terrorismo, incluindo o Daesh e a al-Qaeda (organizações terroristas proibidas na Rússia e em vários outros países).

O general sírio Ali al-Ali também acusou os EUA de fornecerem armas aos terroristas, em particular, aos militantes do Daesh e Frente al-Nusra (organização proibida na Rússia e em vários outros países). Trata-se de quase um milhar e meio de caminhões com armas e munições que caíram nas mãos de terroristas durante o verão passado. Enquanto isso, de acordo com os militares sírios, os volumes de armas ocidentais que os terroristas possuem indicam que se trata de um fornecimento sistemático. 

Acusações semelhantes também já haviam sido feitas anteriormente, por exemplo, por parte do Irã.

Contudo, diferentemente da época passada, quando tais acusações eram feitas por parte das forças ou países que estavam em confronto com os EUA (Síria, Irã), atualmente são países aliados (Turquia) e até Estados dependentes dos EUA que não têm medo de fazer declarações nem sempre muito agradáveis para os norte-americanos.

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Por exemplo, nesta primavera, o ex-presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, afirmou que o Daesh é uma "ferramenta" dos EUA. Há pouco, o ex-presidente apelou a "esclarecer como o Daesh, permanecendo sob o controle dos EUA, conseguiu penetrar no território do Afeganistão".

De fato, nisto não há nada de estranho que fosse desconhecido do público. Há muitos anos é sabido que os pilares dos EUA são "as forças amigas". É sabido também que acontecem casos quando estas "forças amigas" deixam de ser controladas e ocupam o lado oposto de seus criadores e patronos. O caso mais notável é de Osama bin Laden, que inicialmente era uma criatura dos norte-americanos na guerra afegã contra a URSS. 

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A guerra na Síria acrescentou novos traços a esta imagem: por exemplo, quando o grupo de "oposição moderada" Nour al-Din al-Zenki, que recebia financiamento dos EUA, decapitou um menino de 12 anos. Enquanto isso, as acusações recentes por parte dos sírios relativamente ao suprimento de armas aos terroristas correspondem à linha já conhecida.

Aí, surge a questão: essas acusações públicas que têm sido denunciadas com frequência levam a algumas mudanças por parte dos EUA?

Pode parecer que a resposta seria negativa, que, apesar das acusações do general sírio e das afirmações do presidente turco, tal não afetaria de jeito nenhum as palavras e ações de Washington. O mais provável é que os norte-americanos ignorem tudo ou que o Departamento de Estado desminta essas informações.

No entanto, é significativo não serem apenas os países "proscritos", com a economia completamente destruída e que não têm nada a perder, a atacar abertamente a superpotência mundial, mas também seus principais aliados e os vassalos mais fracos.

Hoje em dia podemos observar o fenômeno de dessacralização dos EUA como a potência mais poderosa e bem-sucedida. Os norte-americanos já tinham perdido a maior parte de seu prestígio moral. Porém, eles até agora tinham a reputação de ser uma força capaz de "fazer pagar" quem se atrevesse a desafiá-los.

Essa qualidade está desaparecendo perante todo o mundo. De fato, quando a superpotência global experimenta a oposição não apenas do Irã, Rússia, Síria ou Coreia do Norte, mas também de aliados como a Turquia, as Filipinas e até mesmo o Afeganistão, isto leva a pensar que a perda definitiva de sua hegemonia é apenas uma questão de tempo.

Irina Alksnis para a Sputnik

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