Em julho e outubro de 1645, os brasileiros foram vítimas de massacres atribuídos a holandeses que ocuparam a região. O primeiro massacre aconteceu dentro da Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho de Cunhaú, em Canguaretama. O segundo teve lugar numa outra igreja, desta vez, em Uruaçu, na localidade de São Gonçalo do Amarante.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o professor José Evangelista declarou que “o que se sabe é que o Nordeste brasileiro daquela época era ocupado pelos holandeses e havia por parte dos luso-brasileiros uma reação contra a presença dos holandeses que já estavam estabelecidos no Nordeste desde 1633".
"Deu-se então uma reação contra os holandeses em Pernambuco e algumas capitanias em que havia presença de holandeses começaram a se precaver contra novas insurgências como a ocorrida em Pernambuco", conta o especialista.
O historiador descreveu os detalhes dos massacres perpetrados pelos holandeses, comentando as narrativas que se saíram como predominantes.
"Aqui no Rio Grande do Norte, o representante do governo holandês, aliado a um grupo de indígenas, reagiu previamente a uma possível insurgência e, de forma preventiva, invadindo em julho de 1645 uma igreja [Capela de Nossa Senhora das Candeias] e lá assassinaram diversos indivíduos, inclusive um padre. Posteriormente, em outubro de 1645, os holandeses invadiram um outro Engenho [Uruaçu em São Gonçalo do Amarante] e provocaram novo morticínio”, explica.
Para o Professor José Evangelista, predominou a versão difundida pela Igreja Católica.
“As motivações destes massacres ainda não muito conhecidas mas a Igreja Católica construiu uma narrativa de que a questão religião era a principal para a ocorrência deste massacre. Segundo a Igreja, estas pessoas morreram defendendo o catolicismo”, diz José Evangelista.
"Quem tinha este domínio eram os portugueses e então os holandeses chegaram com a promessa de revitalizar os engenhos cujos donos estavam muito endividados. O conflito dos holandeses na época não era com os portugueses mas sim com os espanhóis. Tanto que, depois destes incidentes, o governo holandês enviou outro representante ao Brasil com a recomendação expressa de não se envolver em novos massacres e tentar, ao máximo, conquistar a confiança dos brasileiros", conta o historiador.
Os 30 mártires brasileiros que serão canonizados domingo foram beatificados pelo (falecido) Papa João Paulo Segundo em 5 de março de 2000. Dezessete anos depois, em 23 de março de 2017, o Papa Francisco autorizou sua canonização. E, neste 15 de outubro, os 30 brasileiros do Rio Grande do Norte serão definitivamente elevados à condição de santos pelo mesmo Papa Francisco.