Na entrevista, Paulo Nogueira Batista falou das razões de sua demissão, atribuindo-as a pressões emanadas do Brasil. O economista contestou as informações de que, em artigos publicados no jornal O Globo, tivesse chamado de golpe o processo de impeachment que afastou Dilma Rousseff da Presidência da República, e de ter violado o Código de Conduta do banco, ao criticar a sentença do juiz Sérgio Moro pela condenação de 9 anos e 6 meses de reclusão imposta ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Houve uma pressão muito forte sobre o Presidente do Banco exercida por alguns funcionários do governo brasileiro, nomeadamente o Presidente do Banco Central e um assessor do Ministro da Fazenda, que fizeram uma campanha de desestabilização, botaram muita pressão sobre o presidente do Banco, que é uma pessoa que não se destaca pela coragem nem pela firmeza. Tem muitas qualidades, mas não soube resistir à pressão e, então, iniciou investigações contra mim. O presidente e todos os vice-presidentes do Banco têm um contrato e um mandato, e só podem ser demitidos se ficar comprovado que romperam o contrato ou que romperam o Código de Conduta que é coberto pelo contrato. Então, foram buscar pelo em ovo para descobrir motivos para me condenar por quebra do Código de Conduta".
Batista negou que tivesse "levantando bandeira" quanto ao impeachment da ex-presidente Dilma e criticado Sérgio Moro. De acordo com o entrevistado, o que fez foi defender o respeito aos "requisitos constitucionais". Sobre Lula, Nogueira considerou a decisão que condenou o petista "inconsistente", mas parou por aí. "Em todos os artigos que escrevi para a imprensa brasileira, sempre procurei manter a neutralidade – requisito exigido pelo Código de Conduta do NDB – e pouco abordei questões de política e economia. Quando se iniciou a investigação contra mim, eu desafiei o advogado contratado pelo Novo Banco de Desenvolvimento.
Planos para o futuro
De volta ao Brasil, Paulo ainda precisa voltar mais uma vez na China, sede do Banco, para buscar pertences que ficaram no país. A longo prazo, pretende fixar residência em Florianópolis e transitar no eixo Rio-São Paulo. "Deverei viver na ponte aérea doméstica. Sou professor licenciado da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo e existe a possibilidade de eu retomar minhas atividades lá. Mas ainda não cogitei disso".
"O projeto do Novo Banco de Desenvolvimento é muito importante. Estava muito engajado neste projeto e posso assegurar que, em alguns anos, o NBD será um dos maiores bancos multilaterais do mundo, em termos de capital integralizado. Para se ter uma ideia, se entrarem novos membros, o Banco poderá alcançar, facilmente, o capital de 13 bilhões de dólares em 2022, comparado com 16 bilhões de dólares com o Banco Mundial hoje. É um projeto muito ambicioso e é muito importante que ele seja conduzido com profissionalismo, eficácia e seriedade", defende