Na entrevista, Luíz Araújo, professor da Universidade de Brasília, confirmou que o PSOL terá candidatura própria em 2018, como teve nas eleições presidenciais anteriores de 2006, 2010 e 2014 com, respectivamente, Heloísa Helena, Plínio de Arruda Sampaio e Luciana Genro:
"Vamos por partes. O PSOL vai ter, sim, candidatura presidencial própria em 2018. Essa é uma decisão que tomamos em nosso diretório nacional e estamos acumulando no processo congressual que será em dezembro. O companheiro Chico Alencar (PSOL-RJ) era uma ideia consolidada dentro do partido [para ser o candidato do PSOL à presidência da República], mas ele declinou seu nome para concorrer ao Senado pelo Rio de Janeiro, e isso reabriu o debate interno no partido sobre a candidatura à Presidência da República. Surgiu então a ideia de convidar o Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST, nome nacionalmente conhecido, que tem-se batido pelos trabalhadores urbanos, rurais e tem demonstrado saber lidar com as questões da terra, da cidade, etc. Mas o importante é que haja uma discussão com ele, Boulos, e internamente, dentro do partido. Neste momento, ele não é o pré-candidato do PSOL. Aliás, quem pode falar se quer ou não ser o nosso candidato é somente ele, Guilherme Boulos."
Por sua vez, Guilherme Boulos não admitiu oficialmente que será o pré-candidato do PSOL em 2018. Também em entrevista exclusiva, o filósofo, ativista social e coordenador do MTST falou de suas prioridades atuais:
"Eu não acho que o melhor a se fazer neste momento é antecipar o debate eleitoral de 2018. Nós estamos num momento de desmonte nacional. O governo golpista e ilegítimo vem atacando os direitos sociais, impondo retrocessos democráticos, e nos próximos dias enfrentará uma sessão plenária da Câmara dos Deputados que poderá (ou não) autorizar o Supremo Tribunal Federal a instaurar processo penal contra o presidente Michel Temer e dois dos seus ministros, Eliseu Padilha e Moreira Franco. Então, eu acho que o nosso foco, das organizações de esquerda e dos movimentos sociais, deve ser o de impedir o retrocesso, procurar fazer mobilizações para que essas denúncias sejam apuradas e impeçam a realização de um novo grande acordo no Congresso. O meu foco neste momento, assim como o foco do MTST e da Frente Povo Sem Medo, é o de construir esse processo de lutas, mobilizações e apuração de denúncias relacionadas a este retrocesso no país."
Mobilização social são as palavras de momento para Guilherme Boulos. Segundo ele, é preciso ativar os movimentos sociais no pais, o que tem sido feito através da plataforma Vamos!, da Frente Povo Sem Medo.
"Estamos realizando debates em todas as regiões do país sobre um programa e sobre os desafios de se tirar o Brasil desse abismo e desse atoleiro. Então, é necessário um debate programático que não esteja pautado apenas pelo processo eleitoral. Mas é evidente: teremos eleições [presidenciais] ano que vem, isso deve estar na agenda da esquerda, e devemos discutir essas questões."
Por fim, Boulos admitiu ter conversado com a direção do Partido Socialismo e Liberdade sobre possível pré-candidatura:
"Tenho sim conversado com dirigentes do PSOL assim como com outras legendas ativas de esquerda sobre alternativas que precisamos construir para o próximo período. Precisamos de um amplo debate programático para o país."
Guilherme Boulos nasceu em São Paulo em 1982. É formado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), na qual ingressou no ano 2000. Na juventude, participou ativamente de movimentos estudantis e, em 2002, ingressou no MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), do qual é hoje coordenador nacional.