China desafia EUA no canal do Panamá

© AFP 2023 / Rodrigo AranguaCanal do Panamá
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Pequim avançou com o primeiro projeto no Panamá depois do estabelecimento de relações diplomáticas com esse país. A China Harbour Engineering Company Ltd (CHEC) começou a construção de um porto para receber cruzeiros.

Analistas russos e chineses entrevistados pela Sputnik China consideram que o projeto é um importante passo político de Pequim, no contexto da crescente influência da China na América Latina e do agravamento do conflito entre o Panamá e os Estados Unidos.

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O projeto também afirma o princípio de "uma China só" e o desenvolvimento das relações entre a China e o Panamá, comentou à Sputnik o diretor do Centro para o Estudo da Globalização e da Modernização da China, Wang Zhiming.

"As relações entre a China e o Panamá têm uma longa história, com fortes raízes. O problema de Taiwan não permitiu ao Panamá durante muito tempo aproveitar os benefícios dos laços com o continente, mas agora já não há esse impedimento", afirmou o analista, em referência à ruptura das relações diplomáticas entre o Panamá e Taiwan, a favor do princípio de "uma China só".

O canal do Panamá é usado ativamente por navios chineses, por isso agora o seu papel no desenvolvimento das relações entre os dois países aumentará, disse Wang. O Panamá, por sua vez, pode participar do projeto da Grande Rota da Seda. A cooperação entre a China e Panamá tem perspectivas muito amplas, assegurou.

Há alguns anos, quando a reconstrução do canal do Panamá estava em plena marcha, algumas companhias chinesas tentaram se envolver ativamente no projeto, mas os Estados Unidos não o permitiram.

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Agora, as empresas chinesas estão recuperando gradualmente as posições que os EUA não deixaram ocupar por muito tempo", destacou o especialista. A atividade do CHEC é apenas o primeiro exemplo desta atividade. No Panamá foi criado um novo precedente: Washington já não pode ignorar o fortalecimento do papel da China no mundo e a posição do capital chinês na América Latina.

O presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, assinalou que o estabelecimento de relações diplomáticas com a China abriu a porta para a cooperação com empresas chinesas: "Os passos diplomáticos que empreendemos proporcionam benefícios concretos ao povo do Panamá, graças aos projetos em que as empresas chinesas participam com altos rendimentos".

De acordo com o especialista do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Academia Russa de Ciências, Aleksandr Kharlamenko, é muito natural que o Panamá tenha eleito a China como parceiro.

"Não há outro país que assegure a cobertura geopolítica e que, pelo menos parcialmente, compense a pressão dos Estados Unidos sobre o Panamá. Mesmo Omar Torrijos, que foi líder do Panamá entre 1968 e 1981, não conseguiu estabelecer relações diplomáticas com a União Soviética, já que Washington não o permitia, embora as relações diplomáticas não sejam um tratado de amizade e cooperação", explicou Kharlamenko a Sputnik.

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O analista disse que foi por esta mesma razão que o Panamá manteve vínculos oficiais com Taiwan durante tanto tempo: Estados Unidos simplesmente impediam o país de manter relações com a China, assim como antes tinham feito com a URSS.

O fato de o Panamá ter ignorado esta proibição atesta, por um lado, a crescente autoridade da China no mundo, e por outro lado, o seu fortalecimento após a reconstrução do canal do Panamá, e a ascensão geral da América Latina no mundo nos últimos 15 anos. Além disso, o seu conflito com os EUA já foi suficientemente longe e não tem nada a perder com o atual Governo de Washington.

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