Integrante do governo do democrata Barack Obama, entre 2011 e 2012, Petraeus explicou que, na sua opinião, a retórica agressiva do presidente dos EUA, Donald Trump, contra Pyongyang visa chamar a atenção de um outro país na Ásia.
"Trata-se de obter a atenção do presidente Xi [Jinping] para que a China realmente reprima o cordão umbilical pelo qual 90% do comércio que vem e vai para a Coreia do Norte transita", disse Petraeus em uma entrevista à rede norte-americana ABC News.
Na visão do ex-diretor da CIA, a China tem a capacidade de "trazer a Coreia do Norte aos seus sentidos", uma vez que é o principal parceiro político e econômico de Pyongyang há décadas.
As tensões entre estadunidenses e norte-coreanos subiu consideravelmente nos últimos meses, após dois testes com mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs, na sigla em inglês) no mês de julho, e o sexto teste nuclear da Coreia do Norte em setembro. Como resposta, Trump usou a tribuna da ONU para ameaçar com a "destruição total" da Coreia do Norte.
Mesmo com tais declarações bélicas de Trump, Petraeus não vê uma guerra nuclear no horizonte. A intenção da Casa Branca continua sendo outra mesmo quando sobe o tom contra o governo de Kim Jong-un.
"Não acho provável. Não", disse ele. "Eu acho, de fato, que novamente tudo isso é uma estratégia de comunicação que está tentando garantir que a China entenda que esta administração está em uma situação muito diferente de qualquer um de seus antecessores, que esta Coreia do Norte está sob os olhares deste presidente e poderia ter a capacidade de atingir uma cidade nos EUA com uma arma nuclear".
Assim como disseram reiteradas vezes os atuais secretários de Trump – Rex Tillerson, de Estado, e James Mattis, da Defesa –, Petraeus acredita que ainda existe uma oportunidade para a diplomacia resolver o impasse na Península da Coreia.