Guerra na Coreia poderá começar depois dos Jogos Olímpicos?

© REUTERS / KCNALançamento do míssil balístico Pukguksong-2 pela Coreia do Norte (foto de aqruivo)
Lançamento do míssil balístico Pukguksong-2 pela Coreia do Norte (foto de aqruivo) - Sputnik Brasil
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A Coreia do Norte e os EUA não param de trocar ameaças. Mikhail Khodarenok, colunista do portal Gazeta.ru e especialista militar, analisa quando e como poderia começar a guerra entre os americanos e norte-coreanos.

Em 19 de outubro, Pyongyang declarou que uma guerra nuclear poderia começar a qualquer momento. Por sua parte, Donald Trump, presidente dos EUA, disse que fará "o que deve ser feito" em referência às ações de combate na península coreana.

Em geral, todas as declarações políticas por parte de Pyongyang e Washington já foram feitas, opina Khodarenok. Além disso, algumas foram até mesmo insultos mútuos intoleráveis.

Para os EUA, é inaceitável perder sua reputação político-militar, por conseguinte, as declarações de Washington devem ser tomadas muito a sério, salienta o autor do artigo.

"A Casa Branca não poderá deixar o abusador dos EUA sem consequências fatais. Assim, se pode dizer que já se decidiu que deve haver uma punição exemplar do regime de Kim Jong-un", escreve o jornalista.

O autor resume os objetivos militares e políticos da Casa Branca e do Pentágono na próxima campanha possível, que é vencer militarmente Kim Jong-un o mais rápido possível; realizar o desarmamento nuclear da Coreia do Norte; estabelecer uma administração militar temporária no território da Coreia do Norte por meio das Forças Armadas da Coreia do Sul; unir os dois estados e realizar eleições gerais no futuro próximo.

Ao mesmo tempo, Washington deve evitar explosões nucleares, baixas civis, grandes danos e perdas significativas do pessoal das Forças Armadas da Coreia do Norte.

Se ao menos um desses quatro pontos não se cumprir, todos os esforços da Casa Branca não terão sentido; o preço seria injustificavelmente alto, aponta o especialista militar.

Os primeiros dias da operação militar

O analista considera que o Pentágono está atualmente elaborando o plano das próximas ações militares. De acordo com Khodarenok, os EUA preveem causar perdas consideráveis em armamento e material bélico norte-coreanos durante o primeiro dia da campanha.

Mas a tarefa mais importante é destruir o potencial nuclear da Coreia do Norte, isto deverá será feito durante a primeira hora de operação militar dos EUA, acredita o especialista.

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Em seguida, durante 7-10 dias, se espera derrotar com ataques maciços os restos das forças de resistência e introduzir no território da Coreia do Norte as formações militares da República da Coreia.

Nos primeiros minutos de guerra, o Pentágono planeja paralisar a direção estatal e militar da Coreia do Norte, bem como incapacitar os postos de comando mais importantes e as redes de comunicação, segundo o jornalista.

O analista militar garante que o exército norte-coreano, que está equipado com tanques obsoletos, caças de museu e sistemas de artilharia da Segunda Guerra Mundial, não seria capaz de fazer frente aos EUA.

"Durante os primeiros minutos de guerra, o ataque principal contra as instalações de Kim Jong-un seria realizado com mísseis de cruzeiro marítimos e aéreos. É o principal meio do chamado 'ataque global imediato'", escreve o analista, acrescentando que, desde 1991, os mísseis de cruzeiro são utilizados como as principais "armas do primeiro dia".

Atualmente, esses mísseis já são capazes de destruir estruturas muito fortificadas: postos de comando e depósitos de armas subterrâneos, bem como lançadores de mísseis balísticos.

Atacar por mar e ar

O especialista não tem dúvida que durante a possível campanha norte-americana contra a Coreia do Norte serão lançados milhares de mísseis de cruzeiro.

"Para realizar um ataque incapacitante contra a Coreia do Norte é necessário criar uma força apropriada da Marinha norte-americana posicionada em zonas marítimas adjacentes à Coreia do Norte", opina o autor.

Além disso, o analista afirma que a campanha envolveria dezenas de destróieres com mísseis guiados da classe Arleigh Burke, cruzadores de mísseis da classe Ticonderoga e submarinos nucleares de classes como "Ohio reequipado", Virgínia e Los Angeles.

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Aliás, segundo o especialista, pelo menos 4-5 grupos aeronavais de ataque se dirigiriam para as áreas de operações. Sabe-se que cada bombardeiro estratégico B-52H é capaz de transportar até 20 mísseis de cruzeiro, e o B-2A — até 16.

O jornalista acrescenta que também estariam prontos para desembarque unidades de fuzileiros navais e forças de operações especiais das Forças Armadas dos EUA, além do contingente que já está implantado na Coreia do Sul.

De acordo com Khodarenok, os EUA preveem reforçar grandemente a defesa antiaérea e antimíssil de todas as grandes cidades da Coreia do Sul, principalmente Seul. O objetivo é evitar a queda de uma única bomba ou ogiva de míssil balístico de médio alcance norte-coreanas.

O colunista opina que os mísseis balísticos intercontinentais de Kim Jong-un seriam neutralizados pelos navios americanos que têm potencial de defesa antimíssil estratégica, ou seja, que estão equipados com o sistema Aegis.

Os aliados dos Estados Unidos deverão se juntar à possível operação. Pelo menos, o Japão, Austrália, Grã-Bretanha e, claro, a República da Coreia, acrescenta o jornalista.

Quando poderá começar a guerra

"Atualmente, é possível prever que os EUA já começaram uma operação especial para minar a unidade moral e política dos líderes das Forças Armadas norte-coreanas, especialmente aqueles que estão envolvidos no comando das forças nucleares estratégicas", avalia Khodarenok.

Como se sabe, de 9 a 25 de fevereiro de 2018 em Pyeongchang serão realizados os XXIII Jogos Olímpicos de Inverno. É pouco provável que os EUA iniciem a sua operação contra a Coreia do Norte antes de sua realização, opina o autor.

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"Ninguém pode descartar a possibilidade de que ocorra pelo menos uma explosão nuclear do vastíssimo arsenal do líder da Coreia do Norte. Além disso, ninguém pode dar uma garantia absoluta de que sobre a Coreia do Sul não caia uma chuva de projéteis de artilharia e de lançadores de foguetes múltiplos, o que causaria grandes destruições e muitas vítimas entre a população civil", explica.

Neste caso, a perda de reputação dos Estados Unidos seria enorme. A comunidade internacional, incluindo os aliados mais próximos de Washington, poderiam não perdoar à Casa Branca os Jogos Olímpicos suspensos, as vítimas e a destruição da península da Coreia, diz o colunista.

No entanto, os EUA também não podem adiar a operação por muito tempo. O número de munições nucleares de Kim Jong-un vai crescendo dia após dia.

"Além disso, é muito grande a tentação da Casa Branca e do Pentágono de provar ao mundo que atualmente não existem meios de defesa eficazes contra os EUA. Nem mesmo as armas nucleares podem garantir a soberania nacional. Para demonstrar esse teorema político-militar à comunidade internacional, a Casa Branca, devemos supor, não olhará a meios", conclui Mikhail Khodarenok.

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