Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, Paulo Storani, ex-instrutor do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar do Rio de Janeiro, criticou a postura da Prefeitura, explicando que o uso do Exército é paliativo. Segundo ele, a questão da falta de segurança não será resolvida pelas Forças Armadas.
Segundo relato dos PMs que estavam de serviço na Rocinha efetuando operações, o motorista ignorou as advertências dos policiais para parar o veículo e permitir sua inspeção. Foi então que o tenente disparou contra o carro, ferindo mortalmente a espanhola. De sua parte, o motorista alegou não ter percebido qualquer interceptação ou advertência policial, o que foi confirmado pelos demais passageiros do veículo.
O tenente Davi dos Santos Ribeiro e mais um soldado da Polícia Militar que o acompanhou na operação em que Maria Esperanza foi morta prestaram depoimento durante toda madrugada da terça-feira na Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca. Ao final do depoimento, foram conduzidos à unidade prisional da Polícia Militar em Niterói já que tiveram a prisão decretada. Porém, na tarde da própria terça-feira, o juiz Juarez Costa de Andrade determinou que Davi fique em liberdade provisória por considerar que ele não possui antecedentes desta natureza em sua ficha funcional. Por determinação do mesmo magistrado, o tenente ficará afastado das operações de rua e terá de exercer funções internas administrativas na Polícia Militar. No entanto, ele ainda permanece detido por ter sido autuado em flagrante pelo crime militar de disparo de arma de fogo.
A proposta do prefeito Marcelo Crivella para que o Rio de Janeiro volte a ser patrulhado pelas Forças Armadas foi duramente criticada por Paulo Storani, hoje antropólogo, professor universitário e comentarista de Segurança Pública:
Segundo Storani, o fato mais lamentável em todo esse episódio da Rocinha é que mais uma vida humana se perdeu, em uma ação condenável de um policial militar.
"Independente de qualquer justificativa que os PMs possam apresentar, não existe norma na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, não existe nenhum protocolo que possa prever a utilização de força letal contra a força estabelecida quer esteja ocorrendo ou não uma ação policial. O uso de força letal é aplicável quando o policial é submetido à uma força igual, quando alguém atenta contra a vida do policial ou contra as vidas de terceiros. Somente nesses casos pode ser utilizada a força letal."