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Ex-capitão do BOPE: problema da segurança no Rio só tem uma solução, e não é o Exército

© REUTERS / Bruno KellySituação na Rocinha, 2 de outubro de 2017
Situação na Rocinha, 2 de outubro de 2017 - Sputnik Brasil
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O incidente da segunda-feira, 23, em que o tenente da Polícia Militar Davi dos Santos Ribeiro matou a turista espanhola Maria Esperanza Jimenez Ruiz, de 67 anos, quando passava pela Rocinha, levou o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, a solicitar, novamente, a presença das Forças Armadas na Segurança Pública da capital fluminense.

Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, Paulo Storani, ex-instrutor do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar do Rio de Janeiro, criticou a postura da Prefeitura, explicando que o uso do Exército é paliativo. Segundo ele, a questão da falta de segurança não será resolvida pelas Forças Armadas. 

Exército na Rocinha - Sputnik Brasil
Turista espanhola é morta a tiros em novo capítulo da violência na Rocinha
Maria Esperanza foi atingida pelos disparos do policial quando se encontrava com outros três turistas espanhóis no carro de uma agência de turismo que os havia levado para conhecer a comunidade da Rocinha, a pedido dos próprios turistas segundo o condutor do veículo, um italiano residente no Rio de Janeiro.

Segundo relato dos PMs que estavam de serviço na Rocinha efetuando operações, o motorista ignorou as advertências dos policiais para parar o veículo e permitir sua inspeção. Foi então que o tenente disparou contra o carro, ferindo mortalmente a espanhola. De sua parte, o motorista alegou não ter percebido qualquer interceptação ou advertência policial, o que foi confirmado pelos demais passageiros do veículo.

O tenente Davi dos Santos Ribeiro e mais um soldado da Polícia Militar que o acompanhou na operação em que Maria Esperanza foi morta prestaram depoimento durante toda madrugada da terça-feira na Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca. Ao final do depoimento, foram conduzidos à unidade prisional da Polícia Militar em Niterói já que tiveram a prisão decretada. Porém, na tarde da própria terça-feira, o juiz Juarez Costa de Andrade determinou que Davi fique em liberdade provisória por considerar que ele não possui antecedentes desta natureza em sua ficha funcional. Por determinação do mesmo magistrado, o tenente ficará afastado das operações de rua e terá de exercer funções internas administrativas na Polícia Militar. No entanto, ele ainda permanece detido por ter sido autuado em flagrante pelo crime militar de disparo de arma de fogo.   

A proposta do prefeito Marcelo Crivella para que o Rio de Janeiro volte a ser patrulhado pelas Forças Armadas foi duramente criticada por Paulo Storani, hoje antropólogo, professor universitário e comentarista de Segurança Pública:

Rio de Janeiro - Sputnik Brasil
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'O turismo é a solução para a economia do Rio de Janeiro'
"A utilização das Forças Armadas não resolveria o problema da Segurança Pública no Rio de Janeiro. Poderia, no máximo, garantir alguns breves momentos de tranqüilidade para a população mas esta jamais seria a solução até porque o papel das Forças Armadas não é o de atuar na Segurança Pública. Esta tarefa é das Polícias, Civil e Militar. A solução para este problema é adoção de políticas públicas para o setor. Mas estes resultados só se farão sentir a médio e a longo prazos, o que equivale a dizer que nós – as pessoas da nossa geração – não vamos assistir os efeitos destes benefícios se eles vierem realmente a existir."

Segundo Storani, o fato mais lamentável em todo esse episódio da Rocinha é que mais uma vida humana se perdeu, em uma ação condenável de um policial militar.

"Independente de qualquer justificativa que os PMs possam apresentar, não existe norma na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, não existe nenhum protocolo que possa prever a utilização de força letal contra a força estabelecida quer esteja ocorrendo ou não uma ação policial. O uso de força letal é aplicável quando o policial é submetido à uma força igual, quando alguém atenta contra a vida do policial ou contra as vidas de terceiros. Somente nesses casos pode ser utilizada a força letal."

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