"Eu não sou o Papai Noel porque as pessoas da Guiana não são crianças", declarou o presidente da França quando chegou para uma visita ao território francês localizado na América do Sul.
O líder francês repetiu sua afirmação no Twitter, acrescentando que "não veio para Maripasoula [uma das comunidades da Guiana Francesa] para fazer promessas do Papai Noel".
Je ne suis pas venu à Maripasoula faire des promesses de père Noël.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) 26 de outubro de 2017
Macron aparentemente se referiu ao fato de que ele não iria fazer grandes promessas à nação que vem sofrendo com o alto desemprego, o crime e o alto custo de vida. Ele também descartou auxílio estatal adicional para o território francês ultramarino.
"O Estado [francês] fez muitas promessas que não foram mantidas", disse ele, como citado pela Agência AFP.
"Então eu estou aqui para contar as coisas como eu as vejo, assumir compromissos que posso manter durante meu mandato e ajudar a fornecer a autoridade que é essencial neste território", acrescentou. Suas palavras, entretanto, revoltaram alguns moradores locais Com seus comentários, no primeiro dia de sua visita ao território, ocorreram violentos tumultos.
Manifestantes irritados lançaram bombas de gasolina contra policiais, que responderam com gás lacrimogêneo. Os confrontos continuaram durante várias horas na última sexta-feira à noite e terminaram com cinco pessoas sendo presas e dois policiais feridos.
Os políticos locais também ficaram indignados com as observações de Macron. "Não precisamos do Papai Noel, precisamos de um governo que perceba que na Guiana nada funciona", disse David Riche, chefe da associação dos prefeitos locais à Franceinfo.
Os políticos da oposição na França também não deixaram passar a chance de criticar o presidente por suas observações. O deputado francês, Nicolas Dupont-Aignan, chamou Macron "Papai Noel para os ricos" em sua publicação no Twitter.
Macron "dá presentes fiscais aos ricos e então se atreve a ir à Guiana para dizer que ele não é Papai Noel", escreveu o político em outro tweet.
Não é a primeira vez que Macron gerou críticas por observações sobre a Guiana. Durante sua campanha eleitoral, ele se referiu incorretamente ao território ultramarino como uma ilha, provocando descontentamento entre os locais. A gafe de Macron também deixou os internautas revoltados.
A Guiana Francesa, há anos, se sente negligenciada por Paris enquanto luta com uma alta taxa de desemprego (23%), imigração ilegal maciça e infraestrutura pública pobre. A região foi atingida por protestos maciços, incluindo uma greve geral, durante mais de duas semanas na primavera, enquanto os locais procuravam chamar a atenção do governo francês para seus problemas.
Os manifestantes ocuparam, até recentemente, uma plataforma de lançamento espacial na comuna de Kourou, utilizada conjuntamente pela Agência Espacial Européia (ESA), a agência espacial francesa CNES (Centro Nacional de Estudos Espaciais).
Na época, o governo francês – então socialista – tentou aplacar os manifestantes oferecendo € 1 bilhão (US$ 1,06 bilhão) como parte de um pacote de financiamento de emergência. Também prometeu investir cerca de € 2,1 bilhões em um período não especificado.