Uma zona-chave
Os especialistas dizem que, nesta guerra, o controle do "triângulo do diabo" tem importância estratégica. Trata-se de um território delimitado por três cidades: Resafa, Al Tanf e Abu Kamal. Deste modo, cada uma das cidades representa uma encruzilhada.
Ao tomar Resafa (a antiga Sergiópolis romana) em junho de 2017, o Exército sírio desbloqueou o caminho para Deir ez-Zor. Al Tanf e Abu Kamal, por sua vez, são os corredores mais importantes na fronteira com o Iraque.
Anteriormente, o porta-voz da operação estadunidense Inherent Resolve (Resolução Inerente), coronel Ryan Dillon, informou que as Forças Democráticas da Síria (FDS), apoiadas pelos curdos, estão se preparando para lançar uma ofensiva contra a cidade de Abu Kamal.
O ataque ocorrerá logo que os curdos, apoiados por Washington, consigam conquistar a região do maior campo petrolífero da Síria, Al Omar, adiantou Dillon.
"E então vamos nos preparar para um ataque contra Abu Kamal, onde, como vemos, hoje em dia se encontra a maioria dos líderes do Daesh [organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países]", sublinhou o militar.
Os especialistas, por sua vez, concordam que a cidade de Abu Kamal é crucial para o avanço da operação antiterrorista na Síria.
"Abu Kamal é a última grande cidade controlada pelo Daesh depois da libertação de Deir ez-Zor e Mayadin. Que eu saiba, um ataque contra esta cidade deve pôr o ponto final na guerra contra o Daesh, que se centrará nas áreas desérticas", disse o analista Vyacheslav Matuzov.
Washington, Damasco, curdos e petróleo
"O principal objetivo da coalizão dos EUA é assumir o controle da economia síria e, em primeiro lugar, de suas reservas de petróleo e gás natural", afirmou à Sputnik o governador da província de Deir ez-Zor, Muhammed Ibrahim Samra, em setembro de 2017.
"Os americanos fizeram tudo, até tramaram uma conspiração com o Daesh, para evitar que o governo sírio controlasse as principais jazidas de petróleo", frisou Matuzov.
Outro especialista assegura que os norte-americanos tentarão recorrer ao petróleo para pressionar o líder sírio Assad.
"Será uma ferramenta política para pressionar Assad, mas também é um instrumento para negociar com ele", disse o cientista político Sergei Balmasov. Embora Washington esteja apostando nos curdos hoje em dia, o especialista admite que, no futuro, a situação pode mudar.
"É difícil prever isso", disse.
"A política dos EUA tem sido variável nos últimos anos. Eles podem apoiar ou apenas negociar com seus interesses", concluiu Balmasov.