A inovação é uma mudança radical no mundo da segurança, conforme publicado pela revista norte-americana Newsweek.
Embora o estudo deste tipo de tecnologia seja realizado em diferentes instituições do mundo ocidental, como, por exemplo, a Universidade da Califórnia, apoiada pelo Google, e a Universidade Técnica de Delft na Holanda, apoiada pela União Europeia, são os chineses que fizeram o maior progresso em termos de sua implementação.
Um mundo sem "hackers"
A ferramenta abre horizontes de segurança cibernética até então desconhecidos para a China. Com este tipo de codificação, o sonho de uma comunicação perfeitamente segura se torna realidade, o que poderia libertar o mundo de problemas como fraude on-line ou roubo de identidade, bem como ataques de hackers e espionagem eletrônica.
Por outro lado, a ferramenta também pode permitir que terroristas e criminosos se comuniquem sem serem detectados e que os governos possam ocultar segredos sem que ninguém os descubra.
No mundo da criptografia indecifrável, toda comunicação eletrônica humana poderia se tornar completamente privada, o que teria conseqüências inconcebíveis ao nível da segurança cibernética. Tudo isso daria à China um poder ilimitado sobre as informações, se este país se tornar o único fornecedor de criptografia quântica. E, precisamente, é o que o governo chinês procura alcançar, aparentemente.
"Cifras mais próximas a inquebráveis"
A chamada entre Pequim e Viena foi feita através de uma conexão convencional através do Skype. No entanto, o aspecto revolucionário foi o código de criptografia da chamada, extremamente seguro porque foi gerado em um dispositivo quântico montado em um satélite chinês.
"A criptografia quântica é a coisa mais próxima das cifras inquebráveis que possivelmente possamos obter", disse à Newsweek Artur Ekert, professor da Universidade de Oxford e inventor do modelo em que os chineses basearam seu sistema. "Ao contrário dos sistemas matemáticos, a criptografia quântica é baseada nas leis da física, que não podem ser quebradas", emendou.
Como funciona a criptografia quântica?
O método de criptografia de Ekert é baseado em um efeito extraordinário conhecido como emaranhamento quântico, que ainda não é totalmente explicado pela ciência. Mesmo Albert Einstein, ao descobri-lo, descreveu-o como uma "ação assustadora à distância".
Sob este efeito, duas partículas leves, conhecidas como fótons, copiam exatamente o comportamento um do outro, mesmo que sejam separadas por grandes distâncias. Durante a chamada histórica entre Pequim e Viena, cientistas — com a ajuda do emaranhamento quântico — conseguiram criar um código secreto composto por uma série de informações que aparecem simultaneamente em diferentes cantos da Terra.
O sinal quântico, em todo o mundo
A China gastou bilhões de dólares — o custo real do projeto é desconhecido — para criar uma infraestrutura que lhe permite transmitir códigos quânticos em todo o país. A nação possui estações de base, satélites e milhares de quilômetros de cabo de fibra óptica para transmitir sinais quânticos.
De acordo com uma fonte de segurança anônima citada pela publicação, pelo menos 600 ministros chineses e oficiais militares estão usando códigos quânticos para realizar suas comunicações confidenciais.
De acordo com os comentários na revista Ciência e Tecnologia do principal pesquisador do projeto quântico chinês, o físico Pan Jianwei, em cinco anos a nação lançará um novo satélite que orbitará a Terra a uma altitude de 20 mil quilômetros e cobrirá uma área muito mais vasta do planeta.
Além disso, a estação espacial tripulada chinesa, cuja implementação está prevista para 2022, terá uma carga útil que permitirá experiências com comunicações quânticas. O objetivo final é a criação de um sistema de satélites geoestacionários que pode abranger toda a superfície do mundo.