"O que gostaria de sublinhar é que há mais vida para além das sanções. E essa vida para além das sanções é o que, precisamente estou a fazer como embaixador, que é: todo o mundo, todo o potencial de desenvolvimento de relações econômicas e comerciais está lá, portanto a nível de produtos e serviços, o turismo, a cooperação entre empresas tecnológicas, madeiras, revestimentos [… ] há todo um mundo, uma vida, a explorar", explicou o embaixador.
Outros setores promissores para o comércio russo-português são as energias renováveis, o calçado, os têxteis. Paulo Vizeu Pinheiro sublinhou que Portugal quer promover a cooperação tecnológica entre as startups portuguesas e russas.
"O próprio presidente da Federação da Rússia, o presidente Vladimir Putin, quando apresentei as credenciais, falou do incremento muito considerável, aumento de 190 por cento do comércio bilateral nos últimos seis meses", afirmou ele.
Quanto ao futuro das relações comerciais entre Moscou e Lisboa, o diplomata sublinhou que Portugal é um mercado promissor.
"Portugal não é um mercado pequeno. Porque, além da integração na União Europeia, é um país com relações e laços muito especiais com África e com a América Latina e até com a Ásia, com Timor [Leste] e outros países. É um mercado que está bastante entrosado, bastante integrado nas cadeias globais de valor acrescentado", explicou Paulo Vizeu Pinheiro.
Nesse aspecto, Portugal pode ser um bom parceiro para a diversificação econômica e para modernização. A economia portuguesa está muito desenvolvida do ponto de vista tecnológico e digital. É uma sociedade muito fácil para fazer negócios, sublinhou o embaixador.
O diplomata sublinhou que Portugal apoia o cumprimento dos acordos de Minsk [acordos que preveem uma série de pontos a ser seguidos no processo de pacificação, incluindo, principalmente, o cessar-fogo em Donbass]. No entanto, ele sublinha que as crises nas relações entre países vizinhos não são uma situação extraordinária. A UE é o principal parceiro comercial da Rússia e, por isso, o diplomata espera uma solução rápida do conflito.
"Desde a primeira hora Portugal sempre defende a resolução das questões que nos podem separar pelo diálogo", concluiu ele.