Mussi justifica as previsões pelo preço maior de vários produtos básicos e das menores restrições tarifárias adotadas em vários países. A China, mais uma vez, deve ser a maior importadora do bloco, com alta anualizada de 23% nas compras e de países asiáticos, devem registrar aumento de 17%.
"Há uma certa recuperação dos preços das commodities e na sua quantidade e, no caso de Brasil e México, uma certa recuperação nas exportações industriais", diz o diretor da Cepal, observando, porém, que há no caminho um contexto de incerteza quanto aos cenários macroeconômico, tecnológico e geopolítico.
"Estamos ainda com os resquícios da crise de 2008 com seus efeitos colaterais, como o ajuste na política norte-americana e a substituição da presidenta do FED (o banco central), que pode direcionar como vai ser a política de juros nos Estados Unidos. Temos também a incerteza de como será verdadeiramente a nova política comercial dos EUA. Vamos ver também como a China vai atuar, a Europa, o Japão e outros países", diz.
Para Mussi, o volume de importações chinesas deve se repetir em 2018, talvez com menos compra de minério de ferro e mais de commodities alimentícias, uma vez que o modelo de desenvolvimento chinês está passando de priorizar os chamados investimentos duros, como os de infraestrutura, para a área de consumo. Além disso, o diretor da Cepal observa que a China está muito atuante na facilitação do comércio internacional, seja na iniciativa da Rota da Seda, ou nas tomadas no âmbito do Banco de Desenvolvimento da Ásia e do Novo Banco de Desenvolvimento, seja ainda no maior volume de investimentos feitos em todo o mundo.
O estudo da Cepal aponta ainda para um aumento das importações da América Latina neste ano e no próximo. Devem liderar as compras a Argentina, com alta de 23,1%, Equador (21,1%), Bahamas (20,1%), Paraguai (19,6%) e Brasil (8%). Mussi diz que o aumento das importações brasileiras acontece mais em equipamentos do que em bens de capital.
"Vemos um nível de recuperação da economia brasileira e, consequentemente, maior demanda de produtos importados. A grande pergunta é sobre investimentos, e como vai ficar o mix de consumo entre o que é produzido internamente e o que é demandado do exterior. O exemplo clássico é a questão dos automóveis."
No tocante à condução da política cambial, o diretor da Cepal acredita que, mesmo com um padrão ainda que volátil na comparação com outros países, o cenário aqui é de estabilidade, e o Brasil não deve proceder mudança significativa de rumo em 2018. "O atual patamar de R$ 3,20 por dólar tem permitido as exportações."