Nesta quarta-feira o governador assinou o documento elaborado pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE), no qual o Palácio Guanabara questiona judicialmente Torquato Jardim por suas palavras ditas um dia antes, e cuja verborragia foi apontada contra policiais e políticos do Rio.
Em uma entrevista ao UOL, e em outra ao jornal O Globo, o ministro da Justiça declarou que a PM do Rio não possui comando e que comandantes de batalhões teriam envolvimento com o crime organizado. E tudo isso seria de conhecimento do governo fluminense.
"Nós já tivemos conversas, ora eu sozinho, ora com o Raul Jungmann [ministro da Defesa] e o Sérgio Etchengoyen [ministro do Gabinete de Segurança Institucional], conversas duríssimas com o secretário de Segurança do estado e com o governador. Não tem comando", disse ele ao UOL.
Na representação encaminhada ao STF, a PCE afirma que o ministro tem "dever funcional" de "comprovar todos os fatos que disse ter conhecimento por meio de documentos oficiais", o que o impediria de ter de responder pelos crimes de "calúnia, injúria, difamação e, em tese, por prevaricação".
Além disso, Torquato é instado no documento encaminhado ao Supremo a revelar o nome de agentes públicos que teriam cometido crimes, como sugeriu em suas entrevistas ao UOL e ao Globo, para que tais pessoas possam ser investigadas e punidas, se necessário.
A interpelação por parte do governo do Rio foi definida após uma reunião entre a cúpula de Pezão e da PM fluminense. Também citado por Torquato, o comandante da PM do Rio, Wolney Dias, foi defendido pelo secretário de Segurança Roberto Sá, que elogiou a sua experiência de mais de 30 anos de serviços prestados à corporação.
Diante da repercussão de suas palavras, o ministro da Justiça informou que não falará mais sobre o assunto. Em Brasília, a repercussão também não foi boa. Em nota divulgada pela sua assessoria, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se disse “perplexo” com o que disse Torquato.
Cotado para sair candidato ao governo do Rio em 2018, o ex-prefeito César Maia (DEM) – pai de Rodrigo Maia – sugeriu que as palavras do ministro da Justiça não passam de campanha aberta a favor de um presidenciável, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
Ouvido no Planalto: - ‘Ministro da Justiça deve estar fazendo campanha para o Bolsonaro’.
— Cesar Maia (@cesarmaia) 1 de novembro de 2017