O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khameni, declarou durante o recente encontro com Vladimir Putin que a cooperação entre Moscou e Teerão ajudará a "isolar os EUA", tendo em conta o abandono do dólar nas operações bilaterais e a decisão de passar a realizar pagamentos nas moedas nacionais.
Nikolai Kozhanov, analista econômico de São Petersburgo, sublinhou que não se trata do isolamento geopolítico e que a proposta do líder supremo iraniano tem que ser considerada apenas do ponto de vista econômico.
"Temos que separar a parte de propaganda desta declaração do seu conteúdo prático. Não devemos ter especiais ilusões. A transição para pagamentos nas moedas nacionais é apenas uma medida forçada, e não uma tentativa de isolar os EUA. Essa medida diz respeito apenas às operações entre a Rússia e o Irã", afirma o analista.
Ele acrescentou que esta medida é explicada pela introdução das sanções, o Irã apenas tenta contornar a pressão por parte dos EUA. No entanto, Kozhanov destaca que, em termos econômicos, tal nem sempre é vantajoso, porque os exportadores sofrem perdas devido à exclusão do dólar, moeda que permite obter lucros adicionais com a diferença de câmbios.
Hassan Beheshtipour, colunista iraniano e especialista em assuntos da política internacional, por sua vez, afirma que esta proposta tem perspectivas, mas que a carga principal será suportada pelas instituições bancárias de ambos os países.
"O assunto do abandono do dólar no comércio entre o Irã e a Rússia e em outros países da região ganha força e tem perspectivas reais. Mas na condição de os sistemas bancários da Rússia e Irã mostrarem vontade de realizar este processo, pois a carga principal será suportada por eles", explicou.
"Para fazer frente ao dólar, a Rússia e o Irã, podem, pelo menos no nível interno bilateral — e têm grande potencial para isso — passar aos pagamentos em moedas nacionais", frisou.
Para o analista, isto pode servir como exemplo para outros jogadores econômicos da região e levar ao enfraquecimento da hegemonia do dólar no mercado mundial, o que é muito atual em uma altura em que os EUA tentam enfraquecer as economias do Irã e da Rússia com novas sanções.