De acordo com uma fotografia obtida por um informante da CIA, em 1954, o chanceler do Terceiro Reich estava em Tunja, Colômbia. Em um relatório secreto, a CIA admite que eles não estão em condições de dar "uma avaliação inteligente" da informação, mas acham que pode ser "de interesse".
A partir de Maracaibo (Venezuela), o agente Cimelody-3 foi contatado por um amigo próximo, antigo soldado nazista, que comentou sobre a presença de Adolf Hitler na Colômbia.
"O amigo de Cimelody-3 informou que em finais de setembro de 1955 Phillip Citroen, um antigo soldado das SS, lhe disse confidencialmente que Adolf Hitler ainda estava vivo. Citroen afirmou que contatava a Hitler uma vez por mês na Colômbia, em suas viagens a partir de Maracaibo ao país como empregado da companhia de navegação holandesa KNSM", indica o relatório.
Abel Basti, autor de "Seguindo os passos de Hitler", que se tem dedicado a documentar a suposta presença do líder nazista na Argentina e outros países da América do Sul, disse à Sputnik, que havia incluído em suas obras a foto de Citroen. "O que é novo é que o governo dos EUA espalhou esses documentos na rede", disse o pesquisador. Acrescentou que a viagem, de acordo com seus dados, se estendeu de 1954 a 1955, segundo consta nesse e em outros documentos, o que coincide com testemunhos sobre o seu regresso a Bariloche (Argentina), em 1955.
"É uma viagem que ele empreende desde a Argentina, passando previamente por Peru, antes de chegar à Colômbia. Estamos em 1954. Se alguém pegar o mapa político da época, vai ver que há governos militares na Argentina, Chile, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. E os países que não têm governos militares, em pouco tempo os vão ter, assim, nesses anos, a direita política internacional instituiu regimes conexos à ideologia nazista e os nazistas podiam se deslocar com certa impunidade", disse o jornalista.
Usando várias identidades, com vários passaportes falsos e documentos apócrifos, os oficiais do Terceiro Reich se deslocavam à vontade. Neste caso, Hitler usava o pseudônimo de Adolf Schrittelmayor, observou o jornalista.
Tunja, a capital do departamento colombiano de Boyacá, "era o centro intelectual dos nazistas na Colômbia". Por exemplo, Julius Sieber, reitor e fundador da Universidade Pedagógica de Colômbia, tinha feito parte do Terceiro Reich e "era um intelectual muito poderoso, amigo de Hitler". Na guerra, esteve dois anos como prisioneiro em um campo aliado.
"Em Tunja, o primeiro ato de Sieber, quando foi nomeado reitor, foi instaurar a águia que usavam os nazistas no escudo da universidade e convocar a partir da Alemanha professores de sua própria ideologia", disse Basti.
Basti está preparando "Hitler na Colômbia", um livro que investiga em profundidade a presença dele neste país. O jornalista ressaltou em diálogo com Sputnik Mundo, que o presidente da Academia Boyacense de História, Javier Ocampo López, doutorado no México e com mais de 100 livros publicados, apoia as possibilidades que introduz essa foto.
"Lembro que, em 1957, quando vim estudar para Tunja […] se falava que Hitler esteve aqui com Sieber, seu amigo", disse o historiador colombiano em entrevista à rádio Caracol. Além disso, disse que "não há dúvida" sobre a verossimilhança da foto revelada.
Consultado sobre por que Hitler não teve a mesma sorte que Adolf Eichmann — ideólogo do assassinato de milhões de judeus em campos de extermínio, refugiado na Argentina com uma identidade falsa, sequestrado por agentes israelenses em 1960, julgado e executado, Basti considerou que "havia pactos e cumplicidades" com "vertentes não só políticas mas também financeiras".
"Estamos conhecendo apenas a parte mais superficial da história, que é a que interessa aos setores de poder internacional. Na verdade, a fuga de Hitler é conhecida por todos os serviços secretos do mundo. Assim o demonstram os arquivos desclassificados. O que não nos foram mostrados são os pactos e a trama de cumplicidades entre esses setores", opinou Basti.
Basti também foi perguntada sua opinião sobre a versão que afirma que o ditador se suicidou em seu bunker em Berlim, perante a iminente chegada do Exército Vermelho.
"Se seguir rigorosamente a história oficial, a Alemanha do pós-guerra não declarou o Hitler como morto. Não tendo cadáver ou elementos de prova, o status de Hitler, pelo menos dez anos depois de ter escapado, foi de uma pessoa viva. A declaração de morte foi feita em 1955", respondeu.
"Temos pacotes de documentação desclassificada do FBI e da CIA que comprovam a presença de Hitler na América do Sul. Por exemplo, em 1952, o presidente dos EUA na época, Eisenhower, diz que não há nenhum elemento de prova de que Hitler tenha morrido no bunker de Berlim", concluiu o jornalista.