No início do dia, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse depois de conversações com o presidente dos EUA, Donald Trump, que Tóquio iria interceptar mísseis norte-coreanos em coordenação com os Estados Unidos. Por sua vez, Trump observou que o Japão teria que comprar novos equipamentos militares dos Estados Unidos.
"O Japão está tomando uma decisão de comprar armas dos EUA em violação de acordos internacionais. Assim, estabelecerá forças militares próprias, o que está proibido por acordos firmados após a Segunda Guerra Mundial", disse o primeiro vice-presidente do Comitê de Defesa e Segurança da Alta Câmara Russa, Frants Klintsevich, acrescentando que essas armas "podem ser consideradas não apenas defensivas, mas também ofensivas".
O legislador apontou que o armamento do Japão levará a uma escalada de tensões na Península da Coreia e, portanto, expressou dúvidas sobre a eficácia da discussão sobre a questão norte-coreana entre os presidentes dos EUA e da Rússia, durante a possível reunião entre os dois à margem da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC).
Na sexta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse aos repórteres que a possível reunião entre Vladimir Putin e Donald Trump, à margem da próxima Cúpula da APEC, no Vietnã, estava sendo coordenada.
A Constituição pós-guerra do Japão, que foi elaborada com a participação dos Estados Unidos e da União Soviética no âmbito da Declaração de Potsdam de 1945, diz que a nação renuncia à guerra e se abstém de usar a força como meio de resolver disputas internacionais.
Abe anunciou em maio que planeja fazer alterações à cláusula pacifista da Constituição para esclarecer o status da Força de Autodefesa do Japão em 2020. O governo aspira a alterar a Constituição do Japão, principalmente o nono artigo que proíbe o Exército japonês de operar no exterior. As mudanças constitucionais exigem o apoio de uma maioria de dois terços nas casas inferiores e superiores do Parlamento do Japão.
O artigo nove da Constituição japonesa, que entrou em vigor em 1947, renuncia ao direito soberano de beligerância do Japão. Os poderes das forças de autodefesa do Japão foram expandidos em 2014, quando uma reinterpretação constitucional permitiu que o Japão defendesse seus aliados.