Por exemplo, o interlocutor da Sputnik Sérvia, Ivan Miljkovic, depois de anos à procura, finalmente encontrou seu irmão gêmeo Nenad, que "morreu" quase imediatamente após o nascimento. Mas Nenad está vivo e cresceu em outra família.
Ivan e seu irmão receberam o mesmo Número de identificação individual do cidadão (documento obrigatório na Iugoslávia e Sérvia) e através de diferentes manipulações com os documentos, causaram a impressão de que havia nascido apenas uma criança, em vez de duas.
"Começamos coletar os documentos em 2011 para entender se o irmão estava ou não vivo. Foi então que descobrimos que não há certidão de óbito ou resultados da autópsia, nem foi indicado o local do enterro, ou seja, o fato da morte não foi registrado. Conseguimos encontrar o Número de identificação individual do cidadão do meu irmão, mas com um novo nome e novos dados. Descobrimos onde ele vive. Foi vendido a uma família católica albanesa. A análise de DNA confirmou que era meu irmão. Agora queremos forçar o Estado a responsabilizar criminalmente os responsáveis", afirmou ele.
"Segundo os documentos da funerária, nenhum bebê do Instituto de Neonatologia foi enterrado em maio de 1973. Mas sei de mais um caso: os gêmeos que foram levados ao Instituto no dia seguinte depois de nós, e um deles também foi vendido. Dois bebês em um dia", disse Miljkovic.
De acordo com ele, os primeiros casos da venda de bebês foram registrados em 1956, mas nos anos 70, 80 e 90 ela se tornou uma prática generalizada. Não há dados oficiais, mas segundo algumas estimativas foram sequestrados cerca de 10 mil recém-nascidos.
Em 2013, Zorica Jovanovic tornou-se a primeira mulher na Sérvia que conseguiu convencer o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos que seu filho, nascido em 1983, não havia morrido, mas fora sequestrado.
Miljkovic sublinhou que na Sérvia foi elaborado um projeto de lei sobre os bebês desconhecidos, mas ele prevê as reparações às vítimas em vez da investigação e punição dos responsáveis.
Como disse Zorica Jovanovic em 2013, ela procurou seu filho não pelo dinheiro, pois "a maternidade não tem preço".