Vale ressaltar que, com a passagem do tempo, há cada vez mais países que consideram a atividade da fundação como indesejável.
Israel
O autor do documento é o deputado do partido Likud Miki Zohar, segundo o qual a adoção do documento impedirá que "os patrocinadores antissemitas, provocadores e inimigos de Israel" ajudem os seus aliados no país. Há várias organizações deste tipo, e cada uma delas recebe doações da fundação de Soros.
"Tenciono promover esta lei importante com o apoio do chefe do governo para defender a democracia israelense das tentativas inimigas de a prejudicar", afirmou o deputado.
De acordo com o cientista político israelense Avigdor Eskin, o bilionário estadunidense, que ocupa 29ª posição na lista de Forbes, já faz muito que virou uma figura muito indesejável para o país, apesar da sua origem judaica e da biografia de pessoa que sobreviveu o Holocausto.
"Soros sempre foi um inimigo sistemático de Israel. Sua Sociedade Aberta apoiou e continua apoiando as estruturas que minam a política do Estado. E trata-se não apenas do financiamento de marchas abertamente antissemitas, mas também de tentativas de intervenção direta nos processos políticos no país", assegura Eskin.
Um ano atrás, na Internet foram vazados vários emails dos servidores da Open Society, segundo os quais o financista terá alocado bilhões de dólares à luta contra o Estado israelense sob o lema de defender os direitos das minorias étnicas no país.
Hungria
A démarche contra Soros em Israel foi uma continuação do escândalo ocorrido nesta primavera na Hungria, onde foi adotada uma nova Lei da Educação, que possibilitou o encerramento da Universidade da Europa Central, fundada e financiada por Soros. A mídia tem frisado que a adoção desta lei foi resultado da confrontação contínua entre George Soros e o premiê húngaro Viktor Orbán.
O chefe do governo húngaro tem acusado dezenas de organizações não governamentais financiadas por Soros de tentar influenciar de forma oculta a linha política do seu país, em primeiro lugar a sua resistência ao programa migratório da União Europeia.
Mas a luta entre Orbán e Soros não acabou aqui. Logo após a acusação feita pelo financista em relação à política migratória da Hungria, o país foi sacudido por protestos contra a intervenção nos seus assuntos internos.
Durante as manifestações, em cuja organização o premiê teve alguma influência, as ruas da cidade se encheram de cartazes com imagens de Soros e exigências de "não se meter" na política húngara.
Ademais, a situação foi aproveitada por agrupamentos radicais e extremistas: parte dos cartazes tinha um caráter abertamente antissemita e até neonazista, com alusões à origem judia do bilionário estadunidense. Isto já provocou protestos tanto por parte da comunidade judia da Hungria quanto da chancelaria de Israel.
Europa de Leste
Na sequência, outros países da Europa de Leste também aderiram à luta contra o filantropo ocidental. As autoridades polacas, por exemplo, afirmaram nesse respeito que, embora Soros proclame oficialmente a "promoção da democracia parlamentar", na verdade se trata de um ataque contra os valores católicos tradicionais, apoiados tanto pela maioria da população quanto pelo governo.
Por sua vez, o líder do Partido Socialista romeno, Liviu Dragnea, disse o seguinte: "Eu tenho perguntas sérias a fazer ao senhor Soros. Suas fundações e estruturas na Romênia financiam por volta de 90 organizações que se ocupam de atividades políticas duvidosas e organizam protestos". Ao mesmo tempo, altos funcionários búlgaros, sérvios e eslovacos fizeram declarações semelhantes.
EUA
Nos EUA, George Soros faz tradicionalmente lobby dos interesses do Partido Democrata, mais próximo dele do ponto de vista ideológico.
Em 2004, ele gastou US$ 27 milhões (cerca de R$ 81 milhões) na luta contra o candidato republicano, George W. Bush, cuja política, na opinião do financista, era perigosa para o país e todo o mundo.
Nas últimas presidenciais estadunidenses, ele apoiou a candidatura de Hillary Clinton e virou um dos maiores críticos do presidente eleito Donald Trump.
Nos finais do verão, o site da Casa Branca publicou uma petição exigindo colocar Soros fora da lei e confiscar seus ativos, acusando-o de terrorismo.
O autor do documento afirma que o financista é culpado de "desestabilização e atos de rebelião contra os Estados Unidos, influência inapropriada e inadequada" no Partido Democrata e de financiar "dezenas, ou talvez até centenas" de organizações que visam levar a administração atual ao "colapso". A petição apela a qualificar as atividades de Soros como uma forma especial de terrorismo que "vem do interior" do país, tendo sido assinada por 150 mil norte-americanos.
Reino Unido
Acredita-se que o Reino Unido é o país que mais sofreu com a atividade de Soros. Ainda em 1992, ele ganhou mais de um bilhão de dólares em um dia após efetuar uma grande operação no mercado de divisas.
Isto, por sua vez, provocou a desvalorização imediata da moeda britânica, após o que Soros passou a ser chamado de "pessoa que fez cair o Banco da Inglaterra".
Este cataclismo, por sua vez, levou a uma crise econômica, crescimento dos preços, aumento do desemprego, consequências que o país teve que ultrapassar ao longo dos anos.
Há pouco, ocorreu um novo ataque contra o Reino Unido. Nesta vez, o alvo foi o Palácio de Buckingham. O Consórcio Internacional de Investigações Jornalísticas publicou documentos que revelam os investimentos offshore da família real britânica.
Embora estas ações, de fato, não contradigam a lei, pois as receitas da rainha não são tributadas, isto desferiu um golpe duro contra o prestígio na família real.
Ao mesmo tempo, não há dúvidas de que o ataque foi articulado por Soros, pois a sua fundação é um dos maiores patrocinadores da entidade jornalística.
Rússia
No país eslavo, as atividades da Open Society foram qualificadas como indesejáveis e cessaram em 2015. O auge da sua atividade se deu na década de 90, quando o país tomou o caminho de reformas liberais e democráticas. Sergei Stankevich, cientista político e na época um político conhecido, se lembra perfeitamente daquele período e chama Soros de "Trotsky do século XXI".
"Leon Trotsky queria uma revolução global, ele acreditava que tinha chegado a hora de unir a humanidade com valores, ideias e governo comuns. Os Estados nacionais, para ele, eram obsoletos. George Soros é movido por ideias semelhantes", resume o especialista.