A colunista da Sputnik, Irina Alksnis, relembra o recente caso relacionado com a Aliança Atlântica: na sexta passada, em 17 de novembro, se revelou que durante as manobras da OTAN na Noruega, no mapa de posições do "inimigo convencional" foram colocados os retratos do fundador da República da Turquia, Mustafa Kemal Ataturk, e do presidente atual do país, Recep Tayyip Erdogan.
Entretanto, sublinha Alksnis, isto não ajudou muito, já que Erdogan se recusou a aceitar as desculpas e comentou o acontecido em frases bem duras:
"Há erros que se cometem não apenas por idiotas, mas por canalhas. Esta questão não pode ser resolvida só com desculpas."
Na sequência, o secretário-geral da OTAN reiterou as desculpas.
"Mesmo atuando de propósito, é pouco provável que se possa imaginar um método mais astuto e eficiente de desferir um golpe contra as relações entre a Turquia e a OTAN do que insultar o presidente e o fundador do atual Estado turco de modo tão refinado", realça a colunista.
Vale ressaltar que as relações entre a Turquia e a Aliança (bem como todo o Ocidente) têm se agravado ao longo dos últimos anos. O número de fatores que geram discordância é cada vez maior, sendo cada vez mais difícil ultrapassá-los.
"Ademais, a Rússia e o Irã, antagonistas tradicionais da OTAN, aderiram à luta pela Turquia, ou seja, aos esforços para a atrair para o seu campo. De referir que ambos os países demonstram sucessos cada vez maiores nesse sentido", escreve Alksnis.
Em resultado, não é de surpreender que o escândalo tenha provocado uma onda de declarações indignadas e o agravamento ainda maior da situação.
Ao mesmo tempo, em 19 de novembro, na Turquia se deu um encontro trilateral entre os chanceleres russo, turco e iraniano, nas vésperas de um encontro semelhante em 22 de novembro, desta vez entre os próprios líderes dos países.
Deste modo, assinala a colunista, ficam cada vez mais claros os contornos de uma nova coalizão na região, entre países tradicionalmente rivais. Tal cenário parecia absolutamente irrealista apenas alguns anos atrás. Por isso, em tal contexto, um pequeno erro por parte da Aliança Atlântica será fatal.