Filip Kovacevic, professor da Universidade de São Francisco, acredita que a razão teria sido a ausência de interesse político da liderança do país que, em meio aos problemas de saúde de Tito, desejava independência das repúblicas soviéticas que faziam parte da República Socialista Federativa da Iugoslávia.
"Os documentos testemunham que logo após a Segunda Guerra Mundial, a Iugoslávia começou a cooperar com os EUA no desenvolvimento do programa nuclear, por exemplo, enviando estudantes para aprender disciplinas necessárias em universidades norte-americanas. Em 1952, cooperando com cientistas norte-americanos, no território iugoslavo foram descobertas duas jazidas de urânio – na Eslovênia e Macedônia. Em um dos documentos de 1979 foi registrado que em uma única jazida na Eslovênia se pode extrair 300.000 toneladas de urânio, o que é preciso para produção de 300 toneladas de óxido de urânio", disse Kovacevic.
O professor falou para a Sputnik Sérvia que nos documentos da CIA está claro que os serviços especiais norte-americanos sabiam muito bem sobre a situação na Iugoslávia, pois contavam com uma rede de informantes nas instituições do país. Mesmo assim, acrescenta o especialista, os EUA não poderiam ter influenciado nas decisões dos políticos iugoslavos de alto escalão.
Para ele, o jogo de Tito era "perfeito". Por exemplo, ele cooperava com o Ocidente e Oriente em conformidade com os interesses de Belgrado. Quando na década de 50 os norte-americanos se recusaram a vender um reator nuclear experimental à Iugoslávia, as autoridades do país compraram muito rapidamente da União Soviética. E nos finais dos anos 70 iugoslavos assinaram com a empresa norte-americana Westinghouse o acordo sobre a construção da primeira e única usina nuclear no país (território da Eslovênia).
Para concluir, o professor disse que tudo dependia somente da vontade política do então governo, onde Tito, por causa de problemas com saúde, já não liderava. Mas, pelo visto, "alguns membros do governo já viam o seu futuro não na Iugoslávia, mas como repúblicas independentes".
"Acredito que a existência de bomba nuclear poderia ter salvado a Iugoslávia do colapso sangrento e violento", adicionou Filip Kovacevic.