Segóvia comentou as atitudes do Ministério Público Federal e criticou a operação que acabou provocando a detenção do ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, homem de confiança do presidente Michel Temer. Rocha Loures foi filmado pela Polícia Federal transportando uma mala que continha 500 mil reais, segundo a própria PF, mas, de acordo com o novo diretor-geral da PF, o simples fato de ele portar esta mala não teria configurado a materialidade do crime e, portanto, não poderia ter levado ao seu indiciamento e posterior prisão pelos agentes federais.
"Pelo que conheço do Fernando Segóvia — fomos colegas na Academia de formação de policiais federais-, eu o vejo hoje como um profissional em meio de carreira, com 21 a 22 anos de formação, e pelas suas características pessoais, posso dizer que nós, policiais federais, não temos nenhuma preocupação com a gestão do Fernando Segóvia", observou.
Boudens admitiu a questão política na nomeação de Segóvia para a direção geral da Polícia Federal mas rechaçou qualquer possibilidade de o diretor interferir na Operação Lava Jato e em qualquer outra investigação da Polícia Federal.
“Não podemos negar que existe a questão política na indicação de Fernando Segóvia para a direção da Polícia Federal, assim como existe a questão dos compromissos políticos. Isso preocupa a todos. Em relação às investigações em si, assim como o [Leandro] Daiello não tinha interferência, dificilmente o Fernando Segóvia vai ter alguma interferência em investigações nossas", afirmou.
"Então, é muito difícil acreditar que o Fernando Segóvia – ou qualquer outro diretor da Polícia Federal – poderá interferir no rumo das investigações. De qualquer forma, nós temos de manter um monitoramento permanente para que, a qualquer sinal de possível interferência ou mesmo de maquiagem de alguma situação, a sociedade tome conhecimento imediato destes fatos. A Federação tem a capacidade de fazer esse monitoramento de forma permanente”, acrescentou.
A Sputnik Brasil convidou a ADPF a também se manifestar sobre os possíveis rumos da Operação Lava Jato no âmbito da Polícia Federal com Fernando Segóvia no comando da instituição. A assessoria de imprensa da ADPF informou que o delegado Carlos Eduardo Sobral está deixando a presidência da instituição em 1º de dezembro próximo e, até lá, ele não pretende fazer quaisquer manifestações públicas.
Da mesma forma, a Sputnik Brasil procurou o departamento de imprensa da Polícia Federal mas não obteve resposta da instituição.