Para analista, Rússia preveniu na Síria guerra civil crônica igual à da Líbia

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Tropas russas na Síria (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Presidente russo, Vladimir Putin, e seus homólogos da Turquia e Irã discutiram questões relativas ao final iminente do conflito armado na Síria.

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Antes da reunião, a Sputnik Mundo entrevistou o especialista em assuntos internacionais Paulo Botta, professor da Universidade Complutense de Madrí, sobre o papel da Rússia no conflito sírio, as perspectivas do país árabe e o destino do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países).

Primeiro, o especialista enfatizou as palavras do Vladimir Putin sobre os esforços de Moscou, Ancara e Teerã visando prevenir a desintegração da Síria e a catástrofe humanitária por causa do terrorismo.

Botta afirmou que, durante a maior parte da guerra, os países ocidentais exigiam a demissão do presidente sírio, Bashar Assad, como uma "condição preliminar a qualquer solução" do conflito. Contudo, graças à participação de Moscou da guerra contra os terroristas, o governo sírio continua firme e forte: no momento, ninguém discute a posição do Bashar Assad como presidente do país.

O analista frisou o papel decisivo dos três países garantes do cessar-fogo, assinado durante as negociações que tiveram lugar na capital de Cazaquistão, Astana, desempenhando o papel de uma plataforma para assegurar a paz entre as diferentes frações que lutam pelo poder.

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"Em minha visão, um grande erro seria desejar o regresso a 2011 [ano do início da guerra na Síria], ou seja, fazer renascer o governo completamente centralizado sem, por exemplo, o reconhecimento da autonomia curda, um assunto que é muito sensível", assinalou Botta.

De acordo com ele, a Síria do pós-guerra deveria encontrar uma conciliação entre a integração e as aspirações de vários outros atores do conflito.

"Seria melhor levar em conta as exigências deste tipo, preservar a estrutura política e não dividir completamente o país, como queriam vários grupos. Caso contrário, se desencadearia uma guerra crônica, semelhante à da Líbia", acrescentou ele.

Qual será o destino do Daesh? 

Graças à colaboração de Moscou, a organização terrorista perdeu o controle sobre territórios e cidades. Mesmo assim, o especialista avalia que se trata não de uma derrota da própria organização, mas sobretudo da derrota de seus combatentes, de 20 até 30 mil indivíduos, sendo que metade deles veio de outros países.

"São pessoas doutrinadas ideologicamente e com experiência de combate. Eles podem ir para outros países ou regressar aos seus próprios, o que, por sua vez, criará problemas de segurança. Isso não acontece pela primeira vez: vale recordar os anos 80, quando o mesmo teve lugar no Afeganistão", sublinhou Botta, falando sobre o regresso dos terroristas aos seus países nos anos de 80 e 90.

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Naquela época, esses radicais "desencadearam a guerra civil na Argélia" e "rebeliões no Iêmen e Jordânia". Sendo assim, o analista acredita que "o problema do Daesh serão seus combatentes estrangeiros", cujo controle virará um desafio para a comunidade internacional.

"É preciso reforçar a colaboração, já que sem troca de informações, infelizmente, estes terroristas ficarão em condições perfeitas para cometer ataques por todo o mundo", ressaltou ele.

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