"O Irã, que antes demonstrava agilidade em usar cada oportunidade para reforçar suas posições como potência regional, procura se beneficiar do vácuo criado na Síria e no Iraque pelo Daesh, expandindo as suas ambições na região e desempenhando função principal na formação da ordem no Oriente Médio pós-Daesh", estipula o relatório de 37 páginas do Centro de Inteligência e Informação do Terrorismo (ITIC, na sigla em inglês).
De acordo com o autor principal do relatório, especialista iraniano Raz Zimmt, Teerã procura estabilizar o regime de Bashar Assad na Síria e o governo xiita no Iraque, o que o ajudaria a "afastar os EUA" da região, bem como "escalar a ameaça a Israel enquanto dissuade".
Em particular, usaria o corredor terrestre do seu próprio território ao Líbano para "aumentar as capacidades militares do Hezbollah, reforçando as possibilidades do Hezbollah de produzir armas e estabelecendo redes locais de terror nas Colinas de Golã para criação de uma nova frente contra Israel".
Mas Israel espera que a aliança entre população sunita, terroristas islâmicos e poderes mundiais combine com o caos regional para prevenção do cenário mais perigoso.
"A intervenção do Irã na Síria só agrava o conflito com o Daesh, que possui capacidades operacionais significativas mesmo depois do colapso do Daesh", diz-se no relatório.
"O Daesh pode mudar a tática de combate. […] Pode efetuar ataques rápidos contra veículos iranianos enquanto se movem pelo corredor terrestre", adiciona.
Para ilustrar os efeitos perigosos de um possível confronto entre o Irã e Daesh, autores relembram os ataques simultâneos em Teerã no mês de junho, que levou à morte de 17 civis.
"Além do mais, o Irã está preocupado com a transformação da região curda no Iraque em um Estado de fato independente. Pois isso poderia ameaçar a integridade territorial do Iraque e impedir os esforços do Irã de estabelecer influência sobre o Iraque e aumentar aspirações separatistas entre as minorias curdas no Irã", de acordo com o relatório.
Quanto aos obstáculos que podem surgir durante as tentativas iranianas de se estabelecer como principal país no Oriente Médio entre os vizinhos árabes, os autores frisam:
Em terceiro lugar, os autores sublinham que, na região, Rússia, Turquia e EUA entram na lista das nações influenciadoras. Em especial, o Irã está preocupado com a atividade dos EUA contra as forças do regime.
Finalmente, o país-rival principal do Irã na região é a Arábia Saudita que, além das suas intervenções, reuniu países da Liga Árabe contra o Irã e forjou a coalizão de 40 países que, pelo visto, trata-se de uma aliança contra a República Islâmica.
Os autores concluem que o sucesso do Irã na região vai depender não só dos seus próprios esforços, mas também da política de outros países envolvidos.