O lançamento do mais recente míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) foi um sucesso. O projétil percorreu uma distância de 960 quilômetros em cerca de 50 minutos e chegou a uma altitude de 4.500 quilômetros, ultrapassando mais de 10 vezes a altura em que a Estação Espacial Internacional que orbita a Terra.
No entanto, a Coreia do Norte insinuou que pode realizar um teste ainda mais perigoso e que teria efeitos devastadores.
Após as constantes ameaças trocadas entre o presidente norte-americano Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un, o ministro de Relações Exteriores do país asiático ameaçou, em setembro, responder às provocações com a mais poderosa detonação de uma bomba de hidrogênio no Pacífico, de acordo com declarações publicadas à época pela agência de notícias sul-coreana Yonhap.
A possibilidade de Pyongyang conduzir um teste de tais proporções (seria o sétimo da história do país) em um ambiente aberto (os seis anteriores foram subterrâneos) é claro: ele criaria uma grande sensação de medo, pois seria a primeira prova atômica norte-coreana a não ocorrer dentro de um túnel.
A diferença não é pequena. Testes subterrâneos, como o conduzido pelos Estados Unidos no Atol de Bikini, em 1948, causam ondas sísmicas, enquanto um teste atmosférico gera uma nuvem aterradora de fungos.
O impacto de um teste atmosférico seria mais notável do que um teste subterrâneo, deixando o destino das nações próximas de Pyongyang à mercê da precisão de suas armas.
"Um teste nuclear atmosférico mudaria o jogo"
Jenny Town, especialista em Coréia do Norte e editora-chefe do site especializado em assuntos norte-coreanos North 38, enfatizou que "se a Coreia do Norte realizar um teste nuclear atmosférico, isso realmente mudaria o jogo".
Segundo a analista, a quantidade de poluição que causaria, tanto na atmosfera como no oceano, é algo que duraria anos.
"O maior perigo que este tipo de testes nucleares implica é a contaminação ambiental radioativa, que consiste na disseminação de material radioativo produzido por detonação no meio ambiente", explicou.
Na mesma linha, o Secretário de Estado dos EUA para os assuntos do Leste Asiático, Daniel R. Russel, comentou que "o impulso da Coreia do Norte para obter uma força de dissuasão nuclear de mísseis está 'completa' se Kim Jong-un assim afirma".
Riscos para a Coreia do Norte
Após o teste subterrâneo de uma arma nuclear que causou deslizamentos de terra e desabamentos na planta norte-coreana de Punggye-ri e, segundo os especialistas, foi 10 vezes mais poderoso do que a bomba de Hiroshima, a Coreia do Norte poderia realizar um teste similar no Pacífico, mas com uma intensidade muito mais forte.
A escolha do local de detonação é vital porque um vazamento de material radioativo em solo pode atingir a fronteira chinesa, o que Pequim consideraria um ataque ao país, de acordo com Jenny Town, então Pyongyang decidiria não se arriscar descartaria um teste atmosférico.
Tendo em mente que o Oceano Pacífico é uma fonte de alimento e um meio de subsistência, detonar uma bomba nuclear em suas águas resultaria na morte direta e indireta de milhões de seres vivos, além de causar sérias consequências para o meio ambiente através da radioatividade, apontam especialistas.
Além disso, a detonação atmosférica de uma arma nuclear levaria à aparência de pulsos eletromagnéticos, que poderiam destruir a rede elétrica por milhares de quilômetros.
A inteligência sul-coreana já declarou, nesta semana, que existe a possibilidade de Pyongyang conduzir pelo menos mais um teste nuclear até o fim de 2017. Todavia, o indicativo de Seul é que tal prova seria realizada mais uma vez de maneira subterrânea.