Ex-representante das Forças Democráticas Sírias revela que estas são apenas 'espetáculo'

© REUTERS / Rodi SaidCombatentes das Forças Democráticas da Síria (FDS) ao norte da cidade de Raqqa
Combatentes das Forças Democráticas da Síria (FDS) ao norte da cidade de Raqqa - Sputnik Brasil
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Talo Silo, o porta-voz das Forças Democráticas da Síria (FDS) que fugiu para a Turquia, afirmou que as FDS são de fato uma fachada criada pelos EUA para armar as Unidades de Proteção Popular curdas, também conhecidas como YPG.

Segundo comunicou na semana passada o chanceler turco, Mevlut Cavusoglu, o presidente estadunidense, Donald Trump, falou pelo telefone com seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmando ter mandado parar os fornecimentos de armas americanas às YPG, que Ancara considera como uma organização terrorista, conectada com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) proibido na Turquia.

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"As FDS são apenas um nome, uma fachada. Nada mais. Tudo, inclusive os salários, recebíamos das YPG… As autoridades dos EUA se empenharam em entregar armas aos curdos. O anúncio sobre a criação das Forças Democráticas da Síria foi apenas um espetáculo. Falava-se da reunificação das diferentes partes étnicas da Síria, mas tudo isso são simplesmente palavras. Os EUA entregaram a chefia aos curdos e ao PKK", disse Silo em uma entrevista à agência Anadolu.

De acordo com ele, apesar das declarações sobre a luta contra o terrorismo, o que os estadunidenses e os líderes das FDS faziam na prática era deslocar terroristas do Daesh, (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países), conforme um acordo entre as partes.

Silo adiantou também que todas as iniciativas ligadas à criação desta força partiram do representante especial da Presidência dos EUA para os assuntos de cooperação com outros países na luta contra o Daesh, Brett McGurk, que nomeadamente propôs criar uma estrutura chamada Coalizão Árabe durante a operação de libertação de Raqqa, sendo que toda a função dela se resumiria a receber os armamentos.

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"Foi precisamente assim que foram fornecidos volumes muito grandes de armas. Porém, a todos os outros, além dos curdos — árabes, turcomenos, assírios — eram fornecidas exclusivamente armas de infantaria ligeira. Ou seja, de fato, nada, exceto o nome, era árabe nesta coalizão. Os EUA estavam cientes de tudo o que se passava. Ou seja, todo o espetáculo decorria com o aval de Washington. Fazia-se tudo para abafar as entregas de armas ao PKK", frisou.

Pelas palavras do ex-porta-voz das FDS, para os norte-americanos não faz diferença onde suas armas são usadas.

"Os representantes estadunidenses nunca nos fizeram esta pergunta. Eles até acreditavam nas declarações das YPG de que elas alegadamente precisavam de mais armas, e logo enviavam novos lotes. Os EUA se dão conta perfeitamente de que os árabes, turcomenos, assírios não fazem parte desta equação. Na época do governo de Obama havia um apoio limitado. Logo que Trump chegou ao poder, a forma de apoio mudou, começaram a ser fornecidos blindados", detalhou Silo.

Segundo revelou o entrevistado, a estrutura das FDS é gerida pelos EUA, enquanto a escolha dos líderes do agrupamento não passa de uma "peça teatral". Silo também revelou o número de combatentes da força.

"Embora não haja dados precisos, se trata, aproximadamente, de 50 mil combatentes — homens e mulheres. 70% do número total de combatentes das FDS são terroristas das YPG e de sua ala feminina. Os combatentes das YPG apenas formalmente fazem parte das FDS, de fato, eles atuam independentemente. As FDS são apenas um nome, uma mera sigla", resumiu.

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