Novas perspectivas
É preciso assinalar que na década de 90, logo após o colapso da União Soviética, a península, bem como muitas outras partes do país dividido, sofreu um período bem complicado de crise e falta de investimentos. Já na década de 2000, a situação política melhorou, porém, não houve grandes transformações no setor turístico da região.
Com a reunificação da Crimeia com a Rússia, em 2014, a península voltou a viver um "boom" nesta esfera.
"Na Crimeia ainda há muito para ser feito. Reparem que em todo o lugar onde a gente vai tem obras de construção. Consertam-se as estradas, constroem-se novos locais, revisa-se todo o sistema de energia e água, há muitos processos em andamento. Claro que estes processos custam muito. […] Os espaços públicos, parques, jardins botânicos — tudo isso tem de ser restaurado, para tudo isso é preciso dinheiro, devemos criar condições de trabalho para as pessoas, constroem-se novas escolas, jardins de infância. Na Crimeia há uma reconstrução total, uma reformatação", revelou Sergei Strelbitsky, conselheiro do líder da Crimeia e ex-ministro do Turismo da região, durante uma entrevista coletiva em um dos hotéis de Alushta.
Neste contexto, é extremamente importante destacar o papel das novas infraestruturas criadas na península.
"Toda a logística estava relacionada com o istmo [de Ak-Monai, que liga a parte principal da Crimeia com a península de Kerch]. Hoje em dia tudo mudou: a logística e, consequentemente, todos os vetores energéticos. Hoje em dia, estamos em processo de uma reconstrução séria. Espero que consigamos terminá-la até […] à temporada de 2019, quando já houver a ponte", adiantou o ex-ministro.
Evidentemente, uma nova "artéria", que ligará a parte continental da Rússia com a península, é algo que aumenta a expectativa das autoridades em relação ao futuro turístico da Crimeia.
"Claro que há previsões. Mas só podemos contar com os índices registrados na época soviética, pois não há outros. Na URSS, a Crimeia acolhia por volta de 80 milhões de turistas anualmente. Eram infraestruturas que funcionavam, de fato, durante todo o ano. Esperamos que também tenhamos essa meta e que a alcancemos", contou Strelbitsky.
No que se trata das previsões concretas, elas também parecem ser mais que otimistas.
Lugares para todos os gostos
Uma das vantagens marcantes da região do ponto de vista turístico é sua variedade. De fato, a Crimeia possui na verdade uma gama enorme de lugares de lazer, onde qualquer um poderia encontrar uma opção adequada para seu orçamento e suas necessidades.
Há sanatórios e estâncias termais, hospitais de tratamento para crianças e militares, hotéis luxuosos e hotéis-parques com territórios verdes e vastos, tudo isso multiplicado pela beleza natural da península e suas inúmeras curiosidades.
Assim, o Sanatório Militar Pirogov, pertencente ao Ministério da Defesa da Rússia, se ocupa da reabilitação dos soldados russos que regressam à Pátria após terem participado dos combates antiterroristas no território sírio, mas que também acolhe milhares de visitantes com um vasto leque de problemas de saúde.
Já as estâncias da cidade de Saki se focam mais na balneoterapia e serviços de spa, dado que a lama terapêutica dessa região é capaz de tratar mais de cem tipos de doenças, inclusive a infertilidade feminina e masculina.
Para aqueles que querem simplesmente se relaxar do estilo de vida louco das megalópoles, há hotéis que oferecem apartamentos com vistas deslumbrantes para o mar, dezenas de serviços de massagem, cosmetologia e spa, uma diversidade inédita de pratos internacionais e conforto de alto patamar mesmo.
Algumas ofertas oferecidas pelos lugares de lazer locais surpreendem realmente e provocam um desejo imediato de prová-las: assim, o hotel Porto Mare, na cidade de Alushta, decidiu propor a seus visitantes para que durmam ao ar livre perto do mar, equipados com todo o necessário, desde o chá quente crimeano até ao saco de dormir.
"Fizemos disso um cartão de visita do hotel. […] Ademais, graças aos nossos visitantes, conhecemos o maior especialista em reabilitação dos pilotos militares russos. Revelou-se que, quanto estes efetuam certas operações de alta importância, por exemplo, transportam ogivas nucleares, ficam muito estressados após cada voo. E ele contou que a melhor maneira de lidar com estresse não é apenas o sono perto do mar, mas no próprio mar. Estes pilotos são deslocados para pontões especiais e dormem lá por uma semana para que o organismo se reabilite", contou Mikhail Bychenkov, diretor do hotel, afirmando que sempre tenta encontrar uma abordagem individual para cada cliente.