De acordo com Narushige Michishita, professor do Instituto Nacional de Pós-Graduação em Estudos de Políticas no Japão, qualquer iniciativa militar de Washington demandaria uma autorização da Coreia do Sul, sob pena de destruição não de Pyongyang, mas da aliança com Seul.
"Acho que é uma ideia impossível. Do ponto de vista diplomático e militar, é extremamente difícil realizá-lo", disse o professor a repórteres coreanos em uma entrevista coletiva realizada no dia 29 de novembro, horas depois que a Coreia do Norte disparou o mais avançado míssil balístico intercontinental até o momento, que caiu na zona econômica exclusiva japonesa.
"Se os EUA prosseguirem com um ataque preventivo sem o consentimento do governo sul-coreano, isso traria o fim da aliança EUA-Coreia do Sul. Eu não acho que os EUA vão sacrificar a aliança por causa de ataques preventivos", continuou o analista, citado pelo jornal sul-coreano Korea Herald.
O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, reiterou várias vezes que o país é contra qualquer caminho que não seja o diplomático para uma solução da crise com Pyongyang. Autoridades dos EUA mantêm um posicionamento oficial semelhante, salvo os momentos em que o presidente estadunidense Donald Trump resolve ameaçar uma ação militar.
No último domingo, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, HR McMaster, disse que o risco de guerra entre os EUA e a Coreia do Norte está "aumentando a cada dia", sugerindo que uma guerra preventiva poderia ser a única maneira de parar "esse regime assassino e desonesto" da conquista da Coreia do Sul.
Contudo, as perdas seriam enormes, como já alertou o secretário de Defesa dos EUA, James Mattis. A população em Seul é de 10 milhões de pessoas, das quais 28.500 sendo soldados norte-americanos estacionados na capital sul-coreana. A artilharia norte-coreana poderia matar milhares de pessoas logo nas primeiras horas, em caso de ataque.
Na opinião de Michishita, a Coreia do Norte também não tem interesse em realizar qualquer ataque preventivo, tratando-se mais de ameaças para atrair a atenção dos EUA. O especialista japonês também disse acreditar que, em algum momento, estadunidenses e norte-coreanos irão se sentar para negociar, mas que a desnuclearização da península é um objetivo distante.