Analista sobre Tratado INF: é preciso monitorar cada passo da parte estadunidense

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Sistema de mísseis RSD-10 Pioner - Sputnik Brasil
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Moscou não admite uso de ultimatos por parte dos EUA, inclusive no que se refere ao Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF). Analista militar ressalta que a Rússia não será a primeira a abandonar o tratado, mas não terá outra opção caso isso seja feito por Washington.

Recentemente, os Estados Unidos acusaram a Rússia de estar desenvolvendo secretamente mísseis de cruzeiro terrestres, violando assim o tratado INF. Washington afirmou que está avaliando a possibilidade de criar sistemas de mísseis de médio alcance caso Moscou viole o tratado respetivo.

Sistema de defesa antimíssil estadunidense Aegis Ashore, localizado no Havaí - Sputnik Brasil
'Requer-se enfoque mais responsável': Moscou acusa EUA de violar tratado de mísseis
Neste contexto, o Ministério das Relações Exteriores russo declarou que Moscou não admite as tentativas de Washington para usar o método de ultimatos, exercer pressão político-militar e aplicar sanções contra a Rússia.

Este dia 8 de dezembro, faz 30 anos desde a firmação do tratado INF entre A URSS e os EUA que previa a eliminação dos mísseis balísticos e de cruzeiro, nucleares ou convencionais, cujo alcance estivesse entre 500 e 5.500 quilômetros.

"Durante todos estes 30 anos, a Rússia segue mantendo um firme compromisso com o Tratado INF, cumprindo-o rigorosamente. Esperamos a mesma atitude dos EUA, que estão interpretando as condições do documento de modo bastante livre", afirmou a chancelaria russa.

O ministério russo sublinhou que a firmação do tratado desempenhou um papel importante na consolidação da segurança e estabilidade, tanto na Europa como em todo o mundo.

Lançamento de míssil balístico intercontinental, EUA - Sputnik Brasil
EUA estudam soluções militares se a Rússia violar o Tratado INF
Comentando as últimas afirmações de Washington, a chancelaria russa afirmou lamentar que nunca foi posta em prática a iniciativa proposta pela Rússia em 2007 de atribuir um caráter universal ao Tratado INF, o que poderia ter ajudado a prevenir os problemas ligados à proliferação de mísseis.

O analista militar Vladimir Kozin notou em entrevista ao serviço russo da Rádio Sputnik que recentemente os EUA têm por várias vezes violado o Tratado INF, acrescentando que os problemas com o cumprimento do acordo não têm uma correlação direita com a deterioração nas relações russo-estadunidenses.

"De fato, os norte-americanos começaram a violar o tratado desde 2001, quando começaram a utilizar mísseis-alvo, ou seja, mísseis de treinamento, balísticos e depois de cruzeiro, sem ogivas, claro, para testarem a eficiência do escudo antimíssil global", explicou.

Lançamento de um míssil de cruzeiro pelo sistema de mísseis costeiro Utyos da Frota do Mar Negro da Marinha da Rússia durante treinamentos (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
EUA acusam a Rússia de desenvolver secretamente mísseis de cruzeiro terrestres
A Rússia tem mesmo suspeitas que os EUA teriam ocultado parte dos mísseis que deveriam ter sido destruídos, avançou o especialista.

Kozin, tal como a chancelaria russa, sublinhou que nem a União Soviética, nem a Rússia alguma vez violaram o tratado INF e a parte estadunidense não conseguiu apresentar até hoje fatos que o provassem. Por exemplo, Washington não indica nem o lugar dos alegados testes de mísseis russos, nem o lugar de seu lançamento. Ao mesmo tempo, o analista advertiu sobre ações imprevisíveis dos EUA no que diz respeito ao desenvolvimento de mísseis.

"O Congresso dos EUA, já durante a presidência de [Donald] Trump, aprovou destinar 58 milhões de dólares [R$ 190,4 milhões] para o desenvolvimento de um míssil balístico de médio alcance de baseamento terrestre. E a atual administração norte-americana tem, em princípio, toda a liberdade de ação. Por isso, é preciso monitorar cada passo da parte estadunidense", afirmou.

Na opinião de Kozin, a Rússia não vai abandonar o Tratado INF de modo unilateral, mas caso Washington tome essa medida, Moscou não terá outra opção.

"O tratado é bilateral e, caso uma parte o abandone, a segunda tem o direito de ficar livre dos compromissos", concluiu.

Há informações que o Tratado INF será incluído na doutrina nuclear dos EUA, alterada pela administração Trump, que poderá mesmo abandoná-lo desde que tenha a carta branca do Congresso.

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