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Bitcoin: com mercado futuro, foi dada a largada para briga de gigantes

© Charles Anbogast/APEstreia de contratos futuros na Bolsa de Chicago teve 2 circuit breaks
Estreia de contratos futuros na Bolsa de Chicago teve 2 circuit breaks - Sputnik Brasil
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A estreia das criptomoedas no mercado futuro dos Estados Unidos foi um acontecimento para corações fortes. Após abrir cotada em US$ 15 mil, a moeda virtual saltou para US$ 18.580 na Chicago Board Options Exchange (CBOE), o que fez o sistema de segurança acionar o circuit break por duas vezes para evitar volatilidade excessiva nas operações.

Embora a estreia não negociasse especificamente a bitcoin, e sim a moeda digital da Gemini, uma corretora que trabalha nesse mercado, o interesse dos investidores ficou mais aguçado. O grande teste acontecerá no próximo dia 18, quando a CME — maior plataforma mundial de contratos futuros — vai começar a negociar contratos futuros de bitcoin baseados nos preços de diversas corretoras. Outro peso-pesado das Bolsas, a Nasdaq — que negocia títulos de empresas de tecnologia — também pretende abocanhar uma parte desse bolo.

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Para saber de ganhos e riscos desse novo mercado futuro das criptomoedas, a Sputnik Brasil conversou com exclusividade com Luciano Rolim, gerente de mídias sociais da Atlas Quantum, uma das maiores operadoras do ramo no Brasil. Ele destaca que um dos grandes atrativos da criptomoeda é o fato de ela ser um ativo digital que não precisa necessariamente ter um intermediário para se realizar uma operação financeira. Além disso, não há taxas de corretagem, limitações de horários comerciais ou de fronteiras. 

Só este ano no Brasil, a criptomoeda já valorizou 1.500%, rompendo a barreira dos US$ 10 mil. Rolim diz que a moeda tem vantagens, mas o crescimento não deixa claro se, às vezes, seria ou não uma bolha especulativa. Segundo ele, embora muitas pessoas estejam investindo por acreditar na possibilidade de retorno, muitas outras estão investindo movidas apenas pela ganância.

"Se a gente olhar o histórico do bitcoin até o momento, a gente percebe que a volatilidade é muito alta, com grandes altas e quedas. Por isso, se o investidor for tradicional, é recomendável começar com uma percentagem pequena de seus ativos alocada em bitcoin e em outras criptomoedas. Se for uma bolha especulativa, a perda não vai atrapalhar a estratégia de investimento", diz o executivo da Atlas Quantum. Rolim acredita que a decisão de Bolsas entrarem nesse mercado a tendência é de um grande fluxo de investimento, uma vez que está chamando mais atenção no mercado financeiro internacional.

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"Alguns bancos, corretoras e fundos de investimento estão começando a levar o bitcoin mais a sério. Isso está mudando. A moeda já tem um volume de mercado de mais de US$ 270 bilhões. Cada vez mais muitos investidores estão começando a querer investir em bitcoin através de meios tradicionais como bancos e corretoras, e até agora os grandes gestores de fundos não tinham uma resposta para isso. Quando a CBOE e a Bolsa de Mercadorias de Chicago anunciaram que iriam ter negociações de futuro de bitcoin, essa foi uma grande válvula de escape para os investidores tradicionais porque os grandes fundos de investimento podem desenvolver suas estratégias numa escala muito maior", observa o especialista. Ele observa, contudo, que o fato de o mercado de bitcoin ser muito mais volátil que o da própria Bolsa acaba atraindo uma parcela expressiva de especuladores.

O sucesso do bitcoin incomoda, porém, grandes grupos do mercado financeiro, no Brasil e no mundo. Nos EUA, grandes corretoras como Goldman Sachs e JP Morgan Chase não autorizam a negociação com contratos futuros das criptomoedas ou restringem a permissão para alguns clientes. No Brasil, há queixas de algumas corretoras que Bradesco e Itaú estão fechando a conta dessas empresas sob diversas alegações que não diretamente ligadas à concorrência.

Rolim afirma que o sucesso do bitcoin talvez seja uma resposta de mercado ao uso do que ele qualifica de políticas irresponsáveis adotadas para valorização de moedas pelos bancos centrais de diversos países. Segundo o especialista, a vantagem da criptomoeda é ela não ter esse "lastro governamental", além de ter uma garantia de limite de unidades garantido pelo próprio protocolo da moeda. Em outras palavras: não vai haver risco de hiperinflação ou manipulação monetária, que cria moeda sem parar. 

"Após a crise de 2008, a maioria dos bancos centrais dos países desenvolvidos colocou o juro lá embaixo, fez as estratégias chamadas de quantitivismo, pelo qual títulos podres de empresas e bancos eram comprados pelos governos e era emitido dinheiro novo para compensar isso. Mesmo que o bitcoin seja uma bolha, é um campo distinto dessa outra crise que se deve mais ao mercado tradicional. Se ocorrer alguma crise no próximo ano no mercado financeiro internacional, quem vai se sair muito bem é quem tem ouro e bitcoin", prevê Rolim.

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