Diplomata: Rússia está disposta a dialogar com OTAN caso esta deixe suas ambições de lado

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Em meio ao aumento da presença da OTAN perto das fronteiras russas e ao congelamento de iniciativas mútuas, é difícil para a Rússia e Aliança negociarem. Mas mesmo assim o diálogo é possível se os países da Aliança deixarem de inventar ameaças e encarem a realidade, acredita o representante da Rússia na OTAN, Aleksandr Grushko.

Em entrevista ao serviço russo da Rádio Sputnik, o representante permanente russo na Aliança Atlântica falou sobre a dinâmica nas relações entre a Rússia e OTAN e também abrangeu as questões de especial importância da atualidade que afetam os dois lados.

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O diplomata frisou que, no momento, não tem como falar sobre mudanças significativas no que se trata das relações entre a Rússia e OTAN, já que a Aliança Atlântica está executando a adaptação de seu potencial militar, justificando suas ações pela necessidade de repelir ameaças.

"Contudo, todo o mundo percebe que estes esforços visam criar uma plataforma para projetar a força em direção a nosso país. É um fator importante que influencia a natureza das relações Rússia-OTAN", assinalou Grushko.

"Por mais que digam que as medidas no flanco oriental […] é uma 'reação correspondente no que se refere à defesa', percebemos que as forças da OTAN surgiram onde nunca antes estiveram presentes e não deviam estar nesta quantidade e por tais prazos de acordo com o acordo entre a Rússia e a Aliança Atlântica", acrescentou ele.

Além disso, ele frisou que quase toda a cooperação entre as duas partes, inclusive projetos conjuntos, está congelada, já que todos os esforços positivos acumulados no passado no momento foram arruinados.

Contudo, Grushko não descartou a possibilidade de diálogo entre a Rússia e a OTAN.

"Acreditamos que o diálogo seja importante, contudo, ele tem que resultar em alguma coisa", afirmou o diplomata, acrescentando que, por enquanto, a Rússia não vê sinais que provem que a OTAN esteja disposta a restaurar a cooperação e a interagir no que se refere aos interesses em comum.

Estratégia balcânica

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Quando perguntado sobre a estratégia da OTAN nos Bálcãs, Aleksandr Grushko assinalou que um conjunto de países ocidentais desejaria ver toda a região balcânica como parte da Aliança Atlântica. Contudo, esta tendência pode prejudicar ao balanço regional, bem como à situação na Europa, já que a presença da OTAN nos Bálcãs vem aumentando em contexto do confronto com a Rússia.

Perseguindo objetivos geopolíticos, a Aliança Atlântica até pode fechar os olhos à desconformidade dos candidatos aos padrões estabelecidos pela OTAN, como revelou o recente exemplo com o Montenegro, que aderiu à aliança neste ano.

Sanções contra Coreia do Norte não são panaceia

Comentando os esforços da OTAN para a resolução da crise coreana, o diplomata russo recordou as palavras do secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg. Este destacou que a OTAN não tem um papel na questão coreana. Contudo, ao mesmo tempo a Aliança sublinha que a zona de alcance dos mísseis norte-coreanos abrange vários países integrantes da OTAN.

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Aleksandr Grushko assinala também que na questão das sanções a Rússia apoia a OTAN, contudo, segundo ele as sanções não são uma panaceia. Na sensível questão da crise da Coreia é preciso encontrar outras soluções mais eficazes. O diplomata recordou que a Rússia e a China propuseram uma iniciativa de duplo congelamento, contudo, ela foi ignorada.

Ameaças crescentes vindas do Afeganistão

Quanto à questão da situação no Afeganistão, o diplomata russo destacou que o território controlado pelas tropas do país está diminuindo. O Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países), derrotado na Síria e Iraque, está concentrando suas forças no norte do Afeganistão. Além do mais, o problema gritante com o tráfico de drogas também faz parte das ameaças provenientes desse país.

Neste sentido, é importante impedir que o Afeganistão se torne uma zona segura para as organizações terroristas, incluindo o Daesh, frisa o diplomata.

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Contudo, em vez de reforçar a colaboração nesta área, a OTAN rompeu praticamente todos os laços com a Rússia. De acordo com Grushko, antigamente as duas partes trocavam informações sobre ameaças terroristas no Afeganistão. Contudo, esta prática ficou no passado.

"Caso a OTAN realmente deseje contribuir para a estabilização da situação no país, para a paz, então deve rever aquelas decisões que já foram tomadas e que podem ser chamadas de ‘tiros no próprio pé'", afirmou o diplomata.

Ações da OTAN correspondem ou não a necessidades de segurança?

Falando sobre a agenda da Aliança Atlântica, Aleksandr Grushko assinala que a OTAN encara a segurança na Europa de forma especial, criando "ilhotas de segurança", o que contradiz a realidade, acredita ele, uma vez que a segurança pode ser reforçada justamente por meio de esforços coletivos.

"Não podem ser formadas 'ilhotas de segurança', no mundo de hoje, que enfrenta sérios desafios à segurança, as pessoas somente podem lidar com eles juntando seus esforços."
Além disso, caracterizando a atividade da Aliança Atlântica, Grushko sublinha que a "ocupação da OTAN é inventar inimigos e formas para sua neutralização", o que, obviamente, está longe das ameaças reais.

Concluindo, o diplomata frisou que, para resolver os desafios da atualidade, a comunidade internacional deve juntar seus esforços e que a Rússia está disposta a colaborar com todos os que tenham interesse nisso. Contudo, qualquer colaboração deve ser produtiva, visando a derrota do terrorismo, a estabilização da situação e deixando suas próprias ambições geopolíticas de lado.

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