Bitcoin na cultura de massa
Não seria exagerado afirmar que 2017 pode ser considerado o ano do bitcoin e das criptomoedas. Google classificou o bitcoin como o segundo termo de pesquisa mais popular de 2017, estando atrás apenas do furacão Irma.
Em 2017, a criptomoeda ganhou popularidade e chamou a atenção de investidores de todo o mundo por causa do aumento de seu preço. O valor do bitcoin subiu mais de 14 vezes desde o começo do ano. Em janeiro de 2017, um bitcoin era vendido por menos de mil dólares (menos de R$ 3,2 mil). Batendo numerosos recordes durante todo o ano, na quinta-feira (28) o preço dessa moeda digital atingiu quase 14,5 mil dólares (cerca de R$ 48 mil).
Em 2017, uma cirptomoeda praticamente desconhecida para as pessoas não ligadas ao mundo financeiro tem recebido a atenção de diversos meios de comunicação. Numerosas histórias sobre os milionários de bitcoin divulgadas pela mídia estão atraindo cada vez mais usuários, fazendo o valor da criptomoeda subir.
A onda de milionários instantâneos
Em 2009, quando foi realizada a emissão dos primeiros 50 bitcoins, um bitcoin custava menos de um cêntimo. Em 2010, o seu preço subiu até 25 dólares (R$ 78). Tomando o valor atual do bitcoin, é evidente que adotantes iniciais se tornaram milionários ou até bilionários.
Por exemplo, os gêmeos norte-americanos Tyler e Cameron Winklevoss se tornaram os primeiros "multimilionários de bitcoin". Em 2008, os Winklevoss processaram Mark Zuckerberg pelo roubo da sua ideia original da rede social Facebook. O caso terminou em um acordo em que o fundador do Facebook teria pagado aos gêmeos Winklevoss 65 milhões de dólares (R$ 210 milhões). Cinco anos mais tarde, os irmãos investiram 11 milhões de dólares (R$ 26 milhões) dessa soma na compra de bitcoins. O preço da criptomoeda era então de 120 dólares (R$ 390). Hoje em dia o seu valor supera 14 mil dólares (R$ 46 mil). Por agora, a fortuna dos gêmeos ascende a 100 mil bitcoins.
Mais uma história inspiradora é a do adolescente norte-americano Erik Finman. Ele começou a investir na criptomoeda em 2011, aos 12 anos, graças a um presente de mil dólares (R$ 3,3 mil) de sua avó. Naquela época ele adquiriu 83 bitcoins ao preço de 12 dólares (R$ 40 mil). Hoje em dia, esse valor equivale a 1,2 milhões de dólares (R$ 3,6 milhões). O rapaz também tem investimentos em outras moedas virtuais, como litecoin e ethereum. Finman se mudou para o Vale do Silício e atualmente ele está trabalhando com a NASA para lançar um foguete.
Um milionário anônimo que tinha ganhado uma fortuna com bitcoins decidiu doar 86 milhões de dólares (R$ 283 milhões) para caridade. Segundo o milionário, ele viu uma oportunidade nas moedas descentralizadas alguns anos atrás e começou minerando bitcoins e investindo neles. Anos depois, ele ganhou um lucro enorme com bitcoins e tinha muito mais dinheiro do que jamais poderia gastar. Por isso doou uma parte substancial dele para causas humanitárias.
Casos ridículos
No início da sua história, poucas pessoas poderiam imaginar que o preço do bitcoin seria de mais de 14 mil dólares e por isso o usaram para pagar coisas cotidianas.
Em 2013, o britânico James Howell jogou no lixo um disco rigido antigo que tinha em casa. Mas há um problema: o disco continha chaves de acesso a 500 bitcoins. Howell tinha minerado os bitcoins em 2009, quando a moeda custava menos de um dólar. Quando percebeu o que tinha feito, seus bitcoins custavam mais de quatro milhões de dólares (R$ 13 milhões) e essa fortuna ficou perdida para sempre.
Além do bitcoin
O sucesso do bitcoin contribuiu para a criação de novas moedas digitais. Hoje, existem mais de mil criptomoedas. Todas se baseiam no mesmo princípio de funcionamento, mas há algumas diferenças entre elas (por exemplo, a velocidade de realização das transações). O bitcoin permanece a criptomoeda mais usada, mas criptomoedas tais como ethereum, litecoin, namecoin e outras também estão ganhando popularidade.
Um dos adversários principais do bitcoin é o bitcoin cash. Foi criado em agosto de 2017 como resultado de uma bifurcação na rede (hard fork, no termo em inglês) da moeda eletrônica original. O objetivo principal dessa separação era tentar melhorar as velocidades e os custos das operações. As transações com bitcoin cash são oito vezes mais rápidas que as com o bitcoin tradicional.
Moedas descentralizadas e não controladas?
O bitcoin foi criado como uma moeda descentralizada que não é emitida por um banco central e não depende da política monetária de qualquer instituição. Entretanto, as vantagens dessa criptomoeda (alta velocidade e baixos custos de transações, capacidade de armazenar dados de forma mais segura e barata) atraem o interesse das autoridades de diferentes países. Muitos delas pensam em criar suas próprias moedas digitais.
O líder venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou no início de dezembro a criação de uma criptomoeda venezuelana denominada Petro para lidar com os problemas financeiros. Através dessa moeda digital, Caracas procura promover o progresso na soberania monetária, fazer transações financeiras e superar o bloqueio financeiro.
O Ministério das Finanças de Israel também considera pôr em circulação sua própria criptomoeda, o "shekel digital", no âmbito do plano de redução do volume de cédulas na economia e de luta contra as operações no mercado negro.
Em dezembro de 2017, ocorreu mais um evento marcante para o bitcoin. Os primeiros contratos futuros baseados em bitcoin começam a ser negociados na Bolsa de Opções de Chicago (Cboe, na sigla em inglês) e na Chicago Mercantile Exchange (CME), a maior bolsa de mercadorias do mundo. O lançamento de futuros de bitcoin nas bolsas oficiais, que oferecem ambientes de negociação rigorosamente controlados, atrai os investidores que anteriormente evitavam as operações com a criptomoeda devido à ausência de controle no mercado.
Tudo leva a crer que 2018 também será um grande ano para as criptomoedas, que têm potencial para mudar a economia mundial e a nossa vida cotidiana.