"Nós, na Europa, deveríamos estar interessados [para ver] as relações entre os Estados Unidos e a Rússia melhorarem", disse Gabriel ao grupo de mídia alemão Funke, no domingo, citado pelo jornal alemão Berliner Morgenpost.
Se as relações entre as duas potências mundiais permanecerem tão ruins quanto agora, outros países podem aproveitar isso, continuou o ministro, acrescentando que é por isso que a Europa está tão disposta a aproximar os norte-americanos e os russos.
Gabriel, que em numerosas ocasiões pediu a união dos laços entre a Rússia e o Ocidente, disse que apenas Washington e Moscou — apoiados por Pequim — conseguirão travar a proliferação nuclear.
A Coreia do Norte, uma das principais fontes de problemas na área da não proliferação, não deve se tornar uma potência nuclear, disse Gabriel. "Se a Coreia do Norte obtiver armas nucleares e se o resto do mundo apenas olhar, isso será perigoso", destacou, comentando ainda como outras nações seguirão nos passos de Pyongyang.
Enquanto isso, bater muito duramente na Coréia do Norte irá causar consequências que são difíceis de prever, disse o ministro de Relações Exteriores alemão, advertindo que a ação militar custaria "baixas humanas incompreensíveis".
Kremlin concorda com ministro alemão
Em meio a exercícios militares repetidos pelos EUA e seus aliados perto da Península da Coreia, Moscou também expressou apoio para uma abordagem equilibrada ao lidar com Pyongyang, prevenindo a ação coerciva contra o Estado recluso.
Anteriormente, em dezembro, o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que ninguém "com mente sã" quer desencadear uma guerra na península. Suas palavras foram repetidas por Nikolay Patrushev, chefe do Conselho de Segurança da Rússia, que disse no mês passado que uma guerra total causaria uma crise humanitária na região e resultaria na morte de dezenas de milhares de cidadãos americanos.
Em abril, o Instituto das Nações Unidas para Pesquisa de Desarmamento (UNIDIR) advertiu em um relatório que o mundo, com mais de 15.000 armas nucleares possuídas por nove Estados (EUA, Rússia, China, Reino Unido, França, Índia, Paquistão, Coreia do Norte e Israel), agora parece "cheio de potencial para catástrofe".
"A ameaça de um evento de detonação de armas nucleares em 2017 é indiscutivelmente o seu mais alto nos 26 anos desde o colapso da União Soviética", disse o documento de pesquisa escrito por vários estudiosos e especialistas em desarmamento. Um dos principais fatores que ameaçam a segurança global é o estado atual das relações EUA-Rússia, argumentaram os pesquisadores.