"Não podemos aceitar que alguns países — principalmente os EUA, Israel — interfiram nos assuntos internos do Irã e do Paquistão", disse Erdogan a jornalistas em Istambul na sexta-feira, informou a AFP. Na terça, o presidente dos EUA, Donald Trump, pediu apoio aos protestos "contra o regime iraniano brutal e corrupto", que entraram em erupção na semana passada.
Embora Erdogan não tenha elaborado a "interferência" dos EUA nos assuntos do Paquistão, a observação provavelmente será atribuída à decisão dos EUA de reter o financiamento de segurança do país, que teria ascendido a mais de US$ 1 bilhão. Washington acusa Islamabad de abrigar militantes talibãs e de não tomar "ações decisivas contra o terrorismo".
A alegada interferência dos EUA e dos israelenses é impulsionada principalmente pelo desejo de tornar suas "as abundantes riquezas subterrâneas em todos esses países", afirmou Erdogan. Os dois países, bem como outros Estados ocidentais, visam principalmente as nações muçulmanas, "colocando as pessoas [lá] umas contra as outras", acrescentou. Os resultados desastrosos de tal intromissão podem ser vistos na Síria, no Iraque, na Palestina, no Egito e em outros países, disse o presidente.
"É o mesmo na Líbia, na Tunísia, no Sudão e no Chade. Países onde os distúrbios são semeados são países muçulmanos. Estes países têm sua riqueza que lhes pertence", disse Erdogan. "Toda a humanidade deve conhecer isso e mudar sua atitude".
Queixas iranianas
As declarações de Erdogan fizeram eco da posição oficial de Teerã, que acusou os EUA, Israel e Arábia Saudita de provocar protestos no país. O procurador do Irã, Mohammad Jafar Montazeri, disse na quinta-feira que o "enredo" para desencadear a agitação foi planejado há cerca de quatro anos por um agente americano e ex-agente da CIA identificado como Michael Andrea, além de um agente não-nomeado do Mossad. A Arábia Saudita, segundo o promotor, pagou as despesas dos supostos conspiradores.
Também nesta semana, o embaixador do Irã na ONU, Gholamali Khoshroo, condenou os "atos de intervenção" da administração americana de forma grotesca nos assuntos internos do Irã. No início desta semana, o enviado dos EUA à ONU pediu um "urgente" Conselho de Segurança da ONU (UNSC) para discutir a situação no Irã. A reunião está agendada para sexta-feira.
A Rússia também denunciou tais chamados como uma tentativa flagrante de interferir nos assuntos internos iranianos. "Os Estados Unidos continuam sua política de interferência aberta e secreta nos assuntos internos de outros Estados. Sob o pretexto da preocupação com os direitos humanos e a democracia, eles atacam diretamente a soberania de outras nações", disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergey Ryabkov, na sexta-feira.
No início desta semana, o Ministério de Relações Exteriores da Rússia advertiu contra qualquer interferência externa nos assuntos do Irã, chamando um movimento inaceitável "que pode desestabilizar a situação" ainda mais.