No texto, os especialistas enumeram as principais causas da chamada "recessão geopolítica" dos EUA.
Ascensão da China
A China se impõe de forma "evidente e sistemática" como uma força global através dos seus acordos comerciais, investimentos e posições globais. Acima de tudo, a nação asiática está permanentemente crescendo, aponta Allen e VandeHei.
A saída dos EUA da Parceria Transpacífico, também referida como TPP, tratado de livre comércio entre diferentes países do Pacífico, deu à China "enormes perspectivas políticas e econômicas" na sua região.
Posições de Trump
Outra causa apontada no artigo é a posição do presidente dos EUA, Donald Trump, em relação aos compromissos internacionais dos EUA e os ataques do presidente contra as Nações Unidas e outras instituições que ajudaram a manter o mundo unido depois da Segunda Guerra Mundial.
O crescente populismo que aflige a Alemanha, a França e o Reino Unido faz com que essas nações "enxerguem cada vez mais para dentro" e se afastem de uma "voz europeia unificada".
"A influência da Europa está em evidente declínio", assinalaram Allen e VandeHei.
Legitimidade do Ocidente
Os especialistas consideraram que, embora seja dada muita atenção e atribuída culpa a Trump, "grande parte dessas mudanças começou antes dele chegar" à Presidência dos EUA.
"A combinação de redes sociais, identidade política e notícias falsas resultou em menor legitimidade para a maioria, senão para todos os governos ocidentais", escrevem os autores.
Quem preencherá a lacuna?
Em seu artigo, Allen e VandeHei destacam quais são as "potências ansiosas por preencher a lacuna à medida que os EUA se aposentarem".
A China, por sua vez, assumiu o controle na luta contra as mudanças climáticas, uma cruzada global que os Estados Unidos costumavam liderar. Já a Rússia assumiu as negociações de paz sírias, uma região que costumava ficar na zona de influência dos EUA.
"Estamos enfrentando um período de pelo menos cinco ou dez anos durante o qual haverá uma grande ausência de liderança global, e isso gerará muito mais conflitos", acredita o especialista Ian Bremmer, citado no artigo.
Os autores do texto afirmam que, apesar da recuperação atual das economias nacionais e globais, o ano que acabou de começar poderia trazer uma "crise transcendente" com "uma conflagração no Oriente Médio, um espetáculo terrorista ou um confronto feroz na península da Coreia ou no mar do Sul da China".