Exercícios no Japão: 'história de terror' com Pyongyang como vilão

© REUTERS / Kim Kyung-HoonExercícios simulando evacuação antimíssil em Tóquio, Japão, 22 de janeiro de 2018
Exercícios simulando evacuação antimíssil em Tóquio, Japão, 22 de janeiro de 2018 - Sputnik Brasil
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Em 22 de janeiro, no Japão decorreram por iniciativa do governo exercícios simulando um possível ataque aéreo da Coreia do Norte. Antes, tais treinamentos já foram realizados 26 vezes, mas na capital do país tiveram lugar pela primeira vez, atraindo atenção da mídia e causando protestos. Em entrevista à Sputnik, especialistas comentaram o assunto.

As opiniões quanto aos exercícios decorridos se dividiram: alguns se expressaram contra o aumento de tensões, outros acreditam que eles têm sentido.

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Entre os últimos está o advogado Omae Osamu. O especialista em bunkers contra ataques aéreos utilizados na Segunda Guerra Mundial acredita que os exercícios devem trazer benefícios caso sejam realizados propriamente.

Porém, ele admite que houve alguns erros durante as últimas manobras japonesas. Nomeadamente, não explicam como avaliar a potência de um projétil e as consequências das explosões, nem verificam se há abrigos e prédios seguros que poderiam proteger as pessoas no caso de um ataque.

"Tive a impressão que os exercícios tinham por objetivo reforçar o ânimo dos participantes e mostrá-lo para a mídia", disse à Sputnik Japão.

Especialista em assuntos japoneses, o professor Andrei Fesyun, por sua parte, acha que o principal objetivo das manobras foi influenciar a opinião pública.

"É surpreendente que os exercícios tenham sido realizados em um período quando a ameaça norte-coreana para o Japão diminuiu devido a alguns acordos nas vésperas das Olimpíadas [entre a Coreia do Norte e do Sul]. O fato de as autoridades japonesas terem iniciado as manobras diz apenas que o Japão pretende continuar utilizando a Coreia do Norte como a principal ‘história de terror' para seus cidadãos", opinou, acrescentando que isso também visa melhorar o ranking de aprovação do premiê Shinzo Abe, nem sempre muito alto.

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Outro especialista político russo, Dmitry Verkhoturov, acredita que as manobras são justificadas pela situação ainda tensa na península coreana, lembrando sobre os dois mísseis que atravessaram anteriormente o território japonês. Segundo Verkhoturov, a força de uma explosão nuclear tem limites, não sendo capaz destruir uma cidade tão grande como Tóquio.

"Se as pessoas estiverem prontas, terão chances de sobreviver", argumentou ele a favor dos exercícios.

No entanto, nem todos na sociedade japonesa apoiaram a iniciativa e por isso organizaram protestos, pois acreditam que os exercícios estão provocando ações militares.

"A nação japonesa está muito disposta, muitas vezes artificialmente, contra a Coreia do Norte. Porém, apesar disso houve pessoas que expressaram seus protestos, insistindo em continuar o diálogo com Pyongyang […] É uma prova que os japoneses entendem que os EUA estão utilizando a Coreia do Norte para manter a tensão no Nordeste da Ásia", concluiu Andrei Fesyun.

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