Segundo ele, a operação de Ancara em Afrin síria não será "passeio fácil", tanto para os militares turcos como para o Exército Livre da Síria.
"Nestas montanhas há muitas áreas fortificadas curdas, tais como Qestel Cindo, no noroeste. Fomos lá duas vezes. Há de destacar que lá se pode aguentar bem tranquilamente até mesmo ataques aéreos", lembra o jornalista.
Além disso, apontou, vale entender que as tropas terrestres turcas participam da operação de modo bastante moderado. "A força principal não são soldados turcos, mas as chamadas tropas oposicionistas. No entanto, não se pode considerá-las como as forças mais capazes para o combate na Síria", afirmou Romanovsky.
Posição curda
A reação contida da comunidade internacional quanto ao conflito entre a Turquia e as formações curdas, que são consideradas aliadas dos EUA na luta contra Daesh (grupo terrorista, proibido na Rússia), pode ser explicada pela falta de uma posição clara por parte dos próprios curdos.
A comunidade internacional observa pacientemente o que está acontecendo e espera por um choque entre as opiniões de Moscou e Washington no que diz respeito à situação em Afrin. Os EUA e Rússia, por sua parte, esperam que os curdos formulem sua posição.
"Se os curdos se apresentarem a favor de Damasco, eles serão apoiados pelos russos. Se [os curdos] se apresentarem definitivamente contra, então contarão com certo apoio por parte dos EUA", opinou o jornalista russo.
'Não tem armas alemães em Afrin'
"Nunca vi, pelo menos nesta região, armas alemãs. Mas os curdos iraquianos recebem diretamente apoio militar sob forma de armas alemãs. Quando estive no norte do Iraque, vi quase em todos os lugares da linha da frente produção da Heckler & Koch."
A organização turca União dos Democratas Turco-Europeus (UETD) afirmou em entrevista à Sputnik Alemanha que a operação militar se destina a proteger a integridade da Síria. Mas Romanovsky, pelo contrário, acredita que a soberania e integridade síria estão ameaçadas devido à intervenção turca.
"Os turcos consideram o norte da Síria no quadro da guerra como sua esfera da influência. E se finalmente eles conseguirem entrar em Afrin e, possivelmente, em outros cantões, eles permanecerão lá. E assim será necessário um novo diálogo com Damasco para saber o que fazem lá os turcos e porque não querem deixar esse território", frisou.
Papel da Rússia
A Rússia tenta, com uso do "pau turco", estimular os curdos de Afrin para o diálogo com Damasco.
De acordo com o Centro Sírio de Monitoramento dos Direitos Humanos, desde início da ofensiva turca em Afrin morreram 46 civis, entre eles 13 crianças. Segundo dados apresentados pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, sete soldados turcos e 13 combatentes do Exército Livre da Síria resultaram mortos no âmbito da operação. Os defensores dos direitos humanos falam em mais de 60 combatentes do Exército Livre da Síria. As Forças Armadas turcas anunciaram a neutralização de 484 militantes curdos. As formações curdas não confirmam estes dados. Os observadores falam de 59 mortos entre os combatentes curdos.