O campo de Lula, na Bacia de Santos, continuou na liderança da produção nacional, extraindo, em média, 803 mil barris diários de óleo e 33,1 milhões de m³ de gás. Os campos marítimos responderam pela produção de 95,5% do petróleo extraído no país e de 79,8% de todo o gás natural. A produção aconteceu em 7.990 poços, dos quais 743 no mar e 7.247 em terra. Só em dezembro de 2017, foram concedidas 304 áreas para exploração, realizada por 26 empresas.
Para a pesquisadora e professora da Fundação Getúlio Vargas Energia (FGV Energia) Fernanda Delgado, o cenário é promissor e tende a registrar números ainda melhores neste ano. Em entrevista à Sputnik Brasil, ela lembra que, há algum tempo, o pré-sal já representava 45% da produção nacional.
"Com a quantidade de investimentos que a Petrobras colocou nos últimos anos, era de se esperar que um esforço exploratório muito concentrado fosse resultar num aumento de produção. A produção tem uma expectativa de aumentar ainda mais, e ele (pré-sal) vai chegar a ser a maior parte da produção nacional nos próximos anos", prevê a especialista.
Fernanda lembra que a Petrobras anunciou há algum tempo que faria uma revisão das plataformas da Bacia de Campos na área do pós-sal, o que reforça a expectativa de um aumento de extração nessas bacias. Segundo a pesquisadora, a Petrobras está colhendo agora todos os investimentos que ela fez desde 2008, quando foi anunciado o pré-sal. No gás natural, diz, a expectativa de aumento é ainda maior, uma vez que todo o pré-sal tem uma estrutura geológica com uma capa de gás expressiva.
Com relação aos últimos seis contratos de exploração do pré-sal, assinados no final de janeiro, das áreas leiloadas em outubro do ano passado, a expectativa do governo é ainda mais otimista, com projeção de arrecadação de até R$ 100 bilhões no megaleilão programado para este ano. A expectativa, porém, enfrenta dois obstáculos importantes. O primeiro é a necessidade de que a oferta seja realizada até 7 de julho devido às restrições impostas pela legislação eleitoral. O segundo diz respeito à necessidade de acerto entre a União e a estatal sobre a chamada cessão onerosa, acordo fechado em 2010 que garante à Petrobras o direito de explorar 5 bilhões de petróleo no pré-sal. A esses dois obstáculos, a pesquisadora da FGV Energia acrescenta mais um: quem será o vencedor da eleição presidencial em outubro.
"Houve uma diversificação com a entrada de novos players no mercado, abrindo chance de mais empregos, mais renda e um dinamismo maior do setor. O governo tem incentivado isso, quando ele dá um calendário previsível de rodadas, quando renova o Repetro (programa de isenção tributária às empresas). O governo está fazendo o dever de casa: atrair investimentos é bom para todo mundo. A gente tem que observar só que esses investimentos não chegam agora. É preciso um tempo, cerca de uns três anos para o desenvolvimento de sísmicas, contratação de serviços, construção de plataformas", explica a pesquisadora.
Para Fernanda, tudo isso tem que ser olhado também sob a ótica do investidor estrangeiro, que está atento ao cenário político. Tudo está sujeito ao condicionante das eleições deste ano e de quem será o novo presidente. "Para cada candidato, você pode esperar um tipo de política energética diferente. Um vai frear todas essas mudanças, outro vai deixar as coisas como estão. Essa questão estratégica fica muito em suspenso", conclui Fernanda.