A Autoridade de População, Imigração e Fronteira de Israel entregou o primeiro lote de notificações no último domingo, informando aos imigrantes que devem sair antes de 1o de abril. A notificação diz que o governo organizou sua nova localização para "um terceiro país seguro". Além dos documentos de viagem e do bilhete de avião gratuito, os imigrantes receberão um pagamento em dinheiro de US$ 3.500.
As cartas de deportação não mencionam o destino "seguro", mas o descrevem como "um país que, na última década, se desenvolveu tremendamente", de acordo com imagens do aviso que circulam na mídia israelense. Além de "algumas das maiores figuras econômicas da África", o país receptor também oferece "estabilidade em seu regime". Na chegada, os recém-chegados receberão uma autorização de residência e trabalho.
Se os migrantes não cumprirem de bom grado com a diretiva, eles serão presos por um período indefinido, de acordo com informações da mídia, ou serão expulsos pela força com o bônus de dinheiro "significativamente reduzido".
Apesar dos avisos, alguns imigrantes continuam a desafiar o governo israelense.
"Eles me disseram que eu tinha que sair para um outro país. Eles não disseram qual era, mas eu sei que é Ruanda. É um país perigoso", disse à rede YNet Debasai Berharabo, 50, da Eritreia. "Se eu não sair em dois meses eles vão me encarcerar. Deixe eles. Prefiro a prisão, não importa quanto tempo eu esteja lá. Eles não entendem que não vou embora para morrer. A prisão é melhor que a morte".
Outros imigrantes parecem compartilhar tal posição, dizendo que preferem ir à prisão do que retornar à Eritreia ou ao Sudão.
"Eles me disseram para sair depois de 60 dias. Eu disse a eles que não posso, há um problema porque eu vim para cá", disse ao jornal israelense Haaretz um homem chamado Habtum, também da Eritreia.
Israel acolhe cerca de 38 mil migrantes africanos e requerentes de asilo, a maioria vindos da Eritreia e do Sudão, de acordo com dados do Ministério do Interior. Desde 2007, cerca de 60 mil migrantes chegaram ao país através da fronteira do deserto com o Egito. Israel estabeleceu uma cerca de 245 quilômetros na fronteira em 2013, na tentativa de conter o fluxo.