Nesta semana, os ministros das Relações Exteriores e da Defesa dos países da ASEAN discutiram a criação de um "código de conduta" para regular suas ações caso algum avião viole o espaço aéreo de seus países e evitar uma guerra. Segundo os resultados do encontro, o documento deve ser elaborado até outubro.
Vale mencionar que a maioria dos países da ASEAN está localizada ao longo do mar do sul da China, mar disputado por vários países, inclusive pela China, que reclama a soberania sobre a sua maior parte.
No entanto, os planos da ASEAN contradizem completamente a "virada norte-americana para a Ásia", iniciada ainda por Hillary Clinton que, como já era óbvio nesse tempo, acabaria por levar a incidentes e tensões na região, lembra o especialista.
"Mas, caso a China não ameace ninguém, caso a tensão seja diminuída por meio de códigos de conduta, então o que será do domínio norte-americano nesta enorme e importantíssima região?", pergunta-se Kosyrev.
É que a política externa dos EUA nesta parte do mundo, durante a administração de Barack Obama com Hillary Clinton como secretária de Estado, se baseava na seguinte ideia: "Se forem ofendidos pelos chineses, liguem para Washington, pois temos porta-aviões, e no vosso território podem aparecer bases militares", explica o especialista. Anteriormente, vários países-membros da ASEAN apoiavam esta política, mas a situação na região mudou.
Dmitry Kosyrev compara a política dos EUA no mar do Sul da China com a praticada nos mares Báltico e Negro: estas zonas têm sido marcadas por vários incidentes aéreos e navais com a participação de aviões e navios da OTAN.
O esquema nesta região é o mesmo que na Ásia — "há uma grande potência que se 'comporta mal' e ameaça seus vizinhos mais pequenos, ou seja, a Rússia. E há os Estados Unidos, a quem se pode pedir ajuda", afirma Kosyrev.
O analista russo indica que "até alguns potenciais ataques por parte da China contra os EUA seriam suficientes para causar danos significativos, inclusive políticos, a Washington. Por essa razão, os EUA não pretendem travar uma guerra séria com a China", ressalta especialista.
Os EUA escolheram outra estratégia — romper os laços com Pequim a pouco e pouco. Em caso de fracasso, os norte-americanos acabarão ficando na Ásia na mesma situação que os europeus, com grandes interesses empresariais, mas pouca "presença estratégica", conclui o analista.