A tecnologia Crispr-Cas9 foi criada nos EUA em 2012. O Cas9 é uma proteína especial relacionada ao sistema imune adaptativo CRISPR. Por meio dessa proteína é possível detectar fragmentos estranhos de DNA, removê-los e substitui-los por novos. Ou seja, a tecnologia permite modificar o DNA. Nos EUA e na Europa esse método foi testado por muitos anos em condições laboratoriais utilizando determinados biomateriais. Quanto à China, a tecnologia está sendo testada em pacientes.
Eis o esquema: os médicos coletam um pouco de sangue de um paciente e, através da tecnologia Crispr-Cas9, detectam o fragmento de DNA que inibe a capacidade do sistema imunitário de combater as células tumorais e removem-no. Em seguida, o sangue que contém as células com estrutura modificada de DNA é injetado de volta ao paciente para incentivar o corpo a lutar contra a doença por conta própria e vencer as células cancerosas.
Em segundo lugar, vários pesquisadores ocidentais estão preocupados com o lado moral do assunto. Será que é justo interferir no genoma humano? Neste sentido, os médicos chineses têm sua própria postura. Wu Shixiu assinalou que o mais importante é ajudar o paciente, já que existem possibilidades de aumentar suas chances de sobreviver.
É óbvio que os testes estão sendo realizados com o consentimento por parte dos pacientes.
"Por enquanto, dos testes participaram 21 pacientes. A eficácia correspondeu a aproximadamente 40%. Uma pessoa está viva já há quase um ano […] Todos os pacientes sofriam do câncer do esófago. Antes de experimentarem a nova tecnologia, eles passaram por quimioterapia, radioterapia e fizeram operações. Ou seja, todos os pacientes já experimentaram todos os outros métodos de tratamento […] Se eles não se decidissem a experimentar esta tecnologia, os outros métodos já não poderiam ajudá-los", explicou Wu Shixiu.
"No momento, podemos dizer que o método é eficaz. Por enquanto, é difícil dizer para que tipo de doenças oncológicas este método é o melhor", assinalou o médico, apontando que a área de uso do método poderá ser bastante ampla.
"O método de modificação do DNA, segundo a nossa experiência, e a experiência de outros estabelecimentos chineses que testam esse método, é bastante seguro. Ao menos é mais seguro que o uso de medicamentos. Quanto aos efeitos colaterais, podem ser observadas erupções na pele e o aumento da temperatura do corpo", adicionou Shixiu.
Com a ajuda do Crispr-Cas9 é possível curar não comente o câncer. A revista Nature comunicou que um grupo de cientistas canadenses conseguiu modificar o gene receptor da AIDS.
Contudo, os médicos chineses estão mais animados quanto à implementação da nova tecnologia, frisou Wu Shixiu.
"Nós somos otimistas no que se refere às vantagens potenciais da utilização da nova tecnologia na medicina, ao contrário dos EUA. Lá, muita atenção é dada aos efeitos negativos do novo método. Eu acho que, neste sentido, se percebe a diferença cultural ente o Oriente e o Ocidente, a diferença de sistemas", ressaltou o médico.