"Em resposta ao pedido de nossos parceiros turcos para acelerar os termos de entrega originalmente planejados, estamos reagindo positivamente", disse Lavrov aos jornalistas da capital russa na quarta-feira.
O ministro russo se absteve de anunciar datas, apenas dizendo que a implementação do acordo S-400 está entre as questões "agora discutidas em termos práticos por especialistas; eles não são para divulgação pública".
Moscou e Ancara assinaram um acordo de US$ 2,5 bilhões para a aquisição do sistema avançado S-400 Triumph (conhecido pela OTAN como o sistema SA-21 Growler) da Rússia em dezembro.
A entrega dos primeiros complexos para a Turquia está programada para começar no início de 2020, disse o assessor presidencial russo para a cooperação da indústria de defesa, Vladimir Kozhin, no canal Rossiya 24 na última segunda-feira. Ele observou que a Rússia aceitou o desejo da Turquia de acelerar a implementação do contrato.
"Quanto mais cedo a Turquia receber [o sistema de mísseis S-400], melhor. Os trabalhos continuam para este fim", afirmou Cavusoglu à mesma questão, como citado pelo site Hurriyet Daily News.
Rusgas com os EUA
O acordo esticou as relações já desconfortáveis entre a Turquia e o aliado da OTAN, os EUA. Washington se opôs firmemente ao acordo, alertando Ancara em outubro de que pode enfrentar "consequências necessárias" no caso de o acordo se revelar.
Comprar um sistema russo, que não é interoperável com a infra-estrutura da OTAN, pode impedir que a Turquia seja parte de qualquer sistema futuro da OTAN de defesa aérea, advertiram os militares norte-americanos.
No pior dos casos, Washington pode atingir Ancara com sanções sob a Lei de Combate de Adversários por Sanções (CAATSA), assinada em agosto e destinada, em particular, a dificultar as exportações de armas russas. A Turquia prometeu manter o acordo apesar da pressão.
Na terça-feira, Cavusoglu, que estava em uma visita de dois dias a Moscou, enfatizou que a adesão da Turquia à OTAN não significa ser um vassalo dos EUA.
"A Turquia é um membro da OTAN, mas somos um Estado independente, não somos um Estado satélite", disse Cavusoglu durante uma conversa pública com estudantes do Instituto Estadual de Relações Internacionais de Moscou, acrescentando que o país tem "o mesmo direito e liberdade" os outros membros da OTAN para comprar armas de terceiros.
Ele também descartou as preocupações de que os sistemas poderiam ser empregados nas operações do Exército turco contra os curdos, afirmando que o S-400 não se destina a ser usado na ofensiva do turco no Afrin da Síria e só será implementado como um sistema defensivo "se a Turquia for atacada".
Em uma entrevista recente com o jornal alemão Die Zeit, Cavusoglu defendeu a decisão da Turquia de optar pelos complexos S-400 russos, observando que um possível acordo para comprar o sistema Patriot dos EUA provavelmente ficará retido no Congresso.
"Nós até tivemos problemas com a compra de rifles simples dos EUA devido às preocupações do Congresso. Tivemos que comprá-lo de alguém", disse ele, acrescentando que ele não descarta que a Turquia compre os sistemas fabricados nos EUA no futuro, desde que Washington possa garantir o consentimento dos legisladores.
O sistema antiaéreo S-400 está equipado com quatro tipos de mísseis interceptores, que operam em intervalos de 400 metros a 40 quilômetros, e é capaz de destruir aeronaves, cruzeiros e mísseis balísticos.