A Argentina, que assume a presidência do G20 neste ano, sediou a primeira reunião ministerial de 2018 do bloco. Em Buenos Aires se reuniram 22 ministros das Finanças, 17 presidentes dos bancos centrais e 10 altos representantes de organizações internacionais para discutir os maiores desafios à economia mundial. Embora as perspectivas econômicas globais estejam melhorando e se observe o aumento do crescimento econômico sincronizado mais amplo desde 2010, existem problemas que podem minar a estabilidade da ordem econômica existente.
Guerra comercial é inevitável?
Entretanto, os lideres financeiros mundiais fracassaram em chegar a conclusões satisfatórias sobre comércio e protecionismo. Embora as novas tarifas dos EUA prejudiquem interesses da maioria dos países do G20, o comunicado final da cúpula omite a condenação ao protecionismo e apenas sublinha "a necessidade de um maior diálogo e ação" para "fortalecer a contribuição do comércio" à economia global e declara que "as tensões econômicas e geopolíticas" constituem um risco para o crescimento global.
É a primeira vez que os membros fazem referência às criptomoedas. As discussões em torno desse problema envolvem duas premissas: a regulação e taxação das moedas digitais. Os participantes da cúpula reconheceram que novas tecnologias, como blockchain, "têm potencial para melhorar a eficácia e tornar mais inclusivo o sistema financeiro e a economia em seu conjunto". No entanto, eles estão preocupados com o fato de o bitcoin e outras criptomoedas poderem ser usados para lavar dinheiro, evadir impostos e financiar o terrorismo.
Os líderes financeiros não expressaram a vontade de proibir totalmente as moedas digitais, mas insistiram na necessidade de criar regras a nível internacional para evitar que esses ativos sejam usados para atividades ilícitas. Portanto, apelaram à implementação dos padrões do Grupo de Ação Financeira Internacional (FATF, na sigla em inglês, agrupamento internacional de carácter informal que visa prevenir lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e outros crimes financeiros) para as criptomoedas.
Quanto à digitalização da economia em geral, espera-se que as novas tecnologias tragam oportunidades econômicas imensas, tais como novas formas de fazer negócios, novas indústrias, melhoramento da qualidade de vida e maior crescimento do PIB.
Porém, muitos países não estão prontos para essas transformações fundamentais. Como lidar com a perda de empregos provocada pela robotização ou com o risco de uma crescente desigualdade entre os países que dominam essa corrida tecnológica e os que estão atrasados em relação à digitalização? Essas questões ainda permanecem em aberto.
À margem do G20: iniciativas do BRICS
Além disso, neste ano poderia ser testado um fundo de reserva dos países do BRICS de 100 bilhões de dólares (R$ 320 bilhões). O fundo se destina a corrigir desequilíbrios do balanço de pagamentos dos países do bloco. Desses 100 bilhões, 41 bilhões (R$ 131 bilhões) vêm da China. O Brasil, a Rússia e a Índia contribuem com 18 bilhões (R$ 57,6 bilhões) cada um e a África do Sul com 5 bilhões (R$ 16 bilhões). Essas iniciativas mostram que os países do BRICS estão dispostos a continuar desenvolvendo a cooperação financeira a nível internacional.
Entre outras questões em destaque figuraram a crise venezuelana, o financiamento da infraestrutura, o crescente endividamento dos países com baixos rendimentos e os riscos estruturais do sistema financeiro existente.
Esses problemas têm presença permanente na agenda de diferentes cúpulas e fóruns internacionais, mas ainda não foram resolvidos. Possivelmente, é de esperar uma modernização desses formatos de discussão para que se tornem não apenas um palco de discussão, mas também um instrumento real para solução dos problemas mais urgentes.