Intransigente defensor da integridade e da conservação do Pantanal, o WWF Brasil viu com muitos bons olhos essa iniciativa, já que, há anos, a entidade desenvolve projetos para manutenção do Pantanal e de sua biodiversidade. Quem diz isso é o engenheiro florestal Júlio César Sampaio, coordenador do Programa Cerrado Pantanal, do WWF Brasil, em entrevista exclusiva à Sputnik:
De acordo com Sampaio, a região precisa de programas de proteção e apoio governamental para sobreviver, já que é considerada área ameaçada:
"O Pantanal corre risco de sofrer colapso, de perder a dinâmica natural que abriga toda sua biodiversidade. O Pantanal é uma área que contém uma das maiores biodiversidades do mundo e possui todo um aspecto de regulação climática e de fenômenos naturais, como inundações. Então, o componente água é fundamental para a região e, por isso, deve ser muito bem protegido. Sem água, o Pantanal não existe."
O especialista salienta que dois aspectos precisam ser destacados no Pantanal. Um deles é a cobertura natural, considerada satisfatória, e o outro diz respeito à qualidade da água, esta, sim, muito preocupante:
"Olhando somente para o lado brasileiro, o Pantanal ainda é um dos biomas mais bem preservados, do ponto de vista da cobertura natural. Mas, se olharmos do ponto de vista da água, esta já é uma região que passa por stress em suas cabeceiras, onde, infelizmente, ocorrem vários episódios de desmatamento e a instalação de algumas infraestruturas sobre os rios, que têm alterado a dinâmica do Pantanal. Tudo isso acontece na parte alta, na área que chamamos de Planície da Bacia do Alto Paraguai, onde estão localizadas as cabeceiras que alimentam o Pantanal. Acontece aí um contraponto: se a cobertura na parte alta do Pantanal está bem preservada, o mesmo não se pode dizer, infelizmente, das nascentes de água."
Segundo o engenheiro florestal, além do desmatamento, as queimadas também são uma grande preocupação na região de cerrado do Pantanal, principalmente porque a maior parte delas é provocada por ação humana. Enquanto ambientalistas costumam responsabilizar os produtores rurais pelas queimadas e desmatamentos, estes se defendem dizendo contribuir decisivamente para o crescimento econômico do país. Para Júlio César Sampaio, esse impasse está dando lugar a um diálogo construtivo, levando boa parte dos empresários rurais a se engajar na tarefa de preservar o Pantanal e outras áreas ameaçadas do país:
Durante a cerimônia de assinatura do compromisso entre Brasil, Bolívia e Paraguai, o ministro Sarney Filho falou sobre o decreto de criação do Programa de Conversão de Multas que reverterá em benefício do Pantanal e de outras áreas degradadas. Com esse decreto, o governo brasileiro se compromete a aplicar em programas de recuperação destas áreas os valores arrecadados com o pagamento de multas por infrações ambientais.